Ano 1 N.4
Edição temática
Números anteriores:
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02 (set/out)
03 (nov/dez)
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Verão em São Paulo: um pouco de história
Nesta edição, o Informativo AHMWL, inspirado na temporada de verão, aborda a
vida ao ar livre reunindo artigos e ensaios sobre a criação das principais áreas
verdes da cidade de São Paulo a partir do final do século XVIII.
Essas contribuições comentam intervenções urbanas que ainda hoje
marcam o desenho urbano,
abordando o processo de implantação, e ao mesmo tempo exploram um conjunto variado de
fontes documentais.
O informativo apresenta ainda a coluna permanente sobre a CCAD - Comissão Central de
Avaliação de Documentos -, um dos mais importantes mecanismos de gerenciamento documental da
administração municipal paulistana. Essa contribuição
constitui uma forma de informar tanto o cidadão quanto o servidor sobre as ações
desenvolvidas.
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BIBLIOTECA
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Neste tempo de férias de verão, o presente número do Informativo AHMWL traz
uma relação bibliográfica com obras de alguma forma voltadas para o lazer paulistano,
especialmente parques e áreas verdes.
VERÃO: ÁREAS DE LAZER
- AB´SABER, Aziz Nacib. São Paulo: ensaios, entreveros. São Paulo: IMESP, 2004. 518 p.
- ABARCA, Pedro. Tatuapé: a história de um povo. São Paulo: Shopping Metrô
Tatuapé, 2003. 138 p.
- ATLAS ambiental do Município de São Paulo, 2004: o verde, o território,
o ser humano. São Paulo: SVMA, 2004. 266 p.
- COLEÇÃO História dos bairros de São Paulo. São Paulo: Divisão do
Arquivo Histórico, 1969- .
- FOREST, Malcom. Cantareira: patrimônio arquitetônico cultural. São Paulo: Arquivo do
Estado, 2000. 189 p.
- GUARAPIRANGA: recuperação urbana e ambiental do Município de São Paulo.
São Paulo: M. Carrilho Arquitetos, 2000. 256 p.
- GUIA turístico da cidade de São Paulo e seus arredores. São Paulo: Melhoramentos,
1954. 199 p.
- HISTÓRIA da cidade de São Paulo: a cidade no Império 1823-1889. São Paulo:
Paz e Terra, 2004. v. 2.
- ______: a cidade na primeira metade do século XX: 1890-1954. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
v.3.
- INSTITUTO CULTURAL ITAÚ. Região da Luz. São Paulo: ICI, 1997. 32p.
- ______. Avenida Paulista. São Paulo: ICI, 1992. 35p.
- ______. Estádios. São Paulo: ICI, 1994. 40p.
- ______. Largo da Memória. 2. ed. São Paulo: ICI, 1996. 26p.
- ______. Parque da Independência. 2. ed. São Paulo: ICI, 1996. 29p.
- ______. Parque Ibirapuera. São Paulo: ICI, 1997. 35p.
- ______. Praça da República. São Paulo: ICI, 1997. 31p.
- ______. Região Tiradentes. São Paulo: ICI, 1997. 34p.
- LOUREIRO, Maria Amélia Salgado. A cidade e as áreas verdes. São Paulo: Secretaria
de Serviços e Obras, 1979. 185 p.
- MACEDO, Silvio Soares; FRANCINE, Gramacho Sakata. Parques urbanos no Brasil. São Paulo:
EDUSP/IMESP, 2002. 207 p.
- OLIVEIRA, Fabiano Lemes. Projetos para o Parque do Ibirapuera: de Manequinho Lopes a Niemeyer
(1926-1954). Dissertação de Mestrado. (CD-ROM)
- OPPIDO, Gal. São Paulo 2000. São Paulo: ImagemData, 1999.
- PORTO, Antonio Rodrigues. História urbanística da cidade de São Paulo: 1554 a 1889.
São Paulo: Carthago e Forte, 1992. 189 p.
- QUERIDO, Maria José Silva. Butantã e suas veredas: guia cultural e turístico.
São Paulo: RQ, 1999. 259 p.
- REIS FILHO, Nestor Goulart. São Paulo e outras cidades. São Paulo: Hucitec, 1994. 215 p.
- SÃO PAULO: a cidade, o habitante, a administração: 1975-1979. São Paulo:
PMSP, 1979. 170 p.
- SILVA, Jacintho. Cidade de S. Paulo: guia illustrado do viajante. São Paulo: Monteiro Lobato, 1924. 358 p.
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CDs, LIVROS E TESES RECEBIDOS
- OS CINCOS órfãos. São Paulo: Dialeto Latin American Documentary, 2005. 119 p.
- DICIONÁRIO ambiental básico: iniciação à linguagem ambiental. 2. ed.
São Carlos: Suprema, 2005. 86 p.
- EQUIPAMENTOS da Casa Brasileira: usos e costumes. São Paulo: Museu da Casa Brasileira, 2005. (CD-ROM)
- GANDELMAN, Henrique. O que você precisa saber sobre direitos autorais. Rio de Janeiro:
Senac Nacional, 2004. 154 p.
- MUSEUMS, LIBRARIES AND ARCHIVES COUNCIL. Conservação de coleções.
Trad. de Maurício O. Santos e Patrícia Souza. São Paulo: Edusp: Vitae, 2005. 220 p.
- RESTAURAÇÃO do Palácio Campos Elíseos: um marco na história de São
Paulo. São Paulo: Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo: Via das Artes, 2002. (CD-ROM)
- VILAS BOAS , Sérgio. Santos: o centro histórico, o porto e a cidade. São Paulo:
Audichromo Editora, 2005. 129 p.
- PAGOTO, Amanda Aparecida. Do âmbito sagrado da igreja ao cemitério público:
transformações fúnebres em São Paulo (1850-1860). São Paulo Arquivo do
Estado: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. 160 p.
- RETRATOS modernos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. 240 p.
- SANTOS, Shirley dos. Vila de Itu: a cristandade na boca do sertão (1732-1776). 2004.
Dissertação (Mestrado em História) – FFLCH/USP, São Paulo.
- SIMÕES, João Roberto Leme. Tecnologia do cobre na arquitetura: cobertura de
edifícios. São Paulo: Pini: Procobre, 1998. 122 p.
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PERIÓDICOS RECEBIDOS
- ACERVO HISTÓRICO. São Paulo: Divisão de Acervo Histórico da
Assembléia Legislativa de São Paulo, n. 4, 2005.
- ANAIS DO MUSEU PAULISTA. São Paulo: Museu Paulista, v. 12, jan./dez. 2004.
- ______. São Paulo: Museu Paulista, v. 13, jan./jun. 2005.
- BOLETÍN DE INFORMACIóN BIBLIOGRÁFICA. Madrid: Centro de Información
Documental de Archivos, n. 1-2, 2005.
- EDUCATIVA. Goiânia. Universidade Católica de Goiás, v.8, n. 1, jan./jun. 2005.
- ESTUDOS. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, v. 32, n. 7, jul. 2005.
- ______. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, v. 32, n. 8, ago. 2005.
- ______. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, v. 32, n. 10, out. 2005.
- FRAGMENTOS DE CULTURA. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, v. 15, n. 8, ago. 2005.
- ______. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, v. 15, n. 9, set. 2005.
- ______. Goiânia. Universidade Católica de Goiás. Índice (1991-2002).
- HISTÓRIA CIÊNCIAS SAÚDE: Manguinhos. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo
Cruz, v. 12, n. 2, maio/ago. 2005.
- MONUMENTOS. Lisboa: Edifícios e Monumentos, n. 23, setembro 2005.
- NOSSA AMÉRICA. São Paulo: Memorial da América Latina, n. 22, 2005.
- NOTÍCIA BIBLIOGRÁFICA E HISTÓRICA. Campinas: PUC, n. 197, ab./jun. 2005.
- PENSAMENTO & REALIDADE. São Paulo: Faculdade São Luís, n. 17, nov. 2005.
- A REVISTA. São Paulo: Takano Editora Gráfica, edição especial n. 2.
- REVISTA DA ASBRAP. São Paulo: Associação Brasileira de Pesquisadores de
História e Genealogia, n. 10, 2004.
- REVISTA JURÍDICA “9 DE JULHO”. São Paulo: Procuradoria da Assembléia Legislativa,
n. 3, 2004.
- SINOPSES. São Paulo: FAU/USP, n. 39, abril 2003.
- UNIVERCIÊNCIA. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, n. 7-9, dez. 2004.
- THE YALE REVIEW. Yale University, v. 93, n. 4 , october 2005.
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LOGRADOUROS
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A criação do Parque da Luz:
uma estratégia da metrópole portuguesa no Brasil Colônia
Considerado como o jardim público mais antigo da cidade, o atual Parque da Luz já foi tema de
inúmeros estudos pelas mãos de grandes historiadores – veja uma pequena relação
dessas obras no final deste artigo.
Através dessas pesquisas ficamos sabendo, por exemplo, que no dia 19 de novembro de 1798, uma ordem
régia determinava ao então capitão-general de São Paulo, Antônio Manuel de Melo Castro e Mendonça,
a construção de um jardim botânico. O local escolhido para esse empreendimento recaiu sobre um grande
terreno localizado no antigo “arrabalde do Guarepe”, imediações da Capela de Nossa Senhora da Luz. Para
este local estava sendo projetada a construção de um quartel militar e, para financiar as obras, uma
subscrição pública estava em andamento. Recebida, porém, a ordem de criação de um horto, parte do
dinheiro arrecadado foi utilizado nessa nova empreitada. Uma primeira conclusão, portanto, é que
o Parque da Luz nasceu como jardim ou horto botânico.
Revelado esse aspecto inicial do tradicional
Jardim da Luz, os estudos até agora empreendidos não deram conta de explicar os reais motivos que nortearam
a fundação de tal empreendimento em São Paulo ou, em outras palavras, poderíamos perguntar: por que
desejavam criar um jardim botânico em São Paulo? De quem partiu a idéia e qual a necessidade de
um equipamento desse tipo entre finais do século XVIII e início do XIX? Esta é uma questão um tanto
nebulosa na nossa história que, a partir de agora, tentaremos desvendar.
Na mesma época em que chegava a ordem de construção do horto, a rainha de Portugal,
D. Maria I, determinava através de uma longa memória que pesquisas fossem realizadas
em São Paulo com o fim de se "promover a agricultura", especialmente com os gêneros mais
próprios às condições da capitania.
Mais ainda, determinava a soberana que o capitão-general deveria promover a
"transplantação e introdução de novas plantas" que se adaptassem ao clima
paulista e, dentre as novas culturas citadas como promissoras para São Paulo, estavam o cacau –
que já produzia "vantajosamente no Rio de Janeiro" – e a baunilha, planta esta que crescia
espontaneamente nos "matos silvestres" da Capitania de São Paulo, conforme fora informada a rainha.
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Mais ainda, data daquele mesmo ano uma outra ordem de Sua Majestade: pesquisas deveriam ser realizadas com várias madeiras nativas na capitania para saber quais delas poderiam ser utilizadas na fabricação de papel.
Diante dessa preocupação da coroa portuguesa com as madeiras e plantas brasileiras – em especial com as nativas e as que poderiam se adaptar ao solo e clima da então Capitania de São Paulo –, o Conde de Linhares, D. Rodrigo de Sousa Coutinho, poderoso ministro do governo português, enviaria uma missiva ao capitão-general de São Paulo. Nela, o conde informava que, no Pará, o general D. Francisco de Sousa havia fundado um horto botânico e ordenava ao capitão o mesmo fizesse em São Paulo. A carta datava de 19 de dezembro de 1798 – e não de 19 de novembro, conforme registraram vários historiadores. Erro de data, aliás, que impossibilitou a vários pesquisadores o resgate do original.
Em resposta, o capitão-general de São Paulo, Antônio Manuel de Melo Castro e Mendonça escreveria ao Conde de Linhares:
Ilmo. e Exmo. Sr. - Por aviso de 19 de dezembro de 1798, me participa V. Exa. o estabelecimento de
um Horto Botânico que o Ilmo. e Exmo. Sr. D. Francisco de Souza, general do Pará ali havia
formado, ordenando-me que com a menor despesa possível, executasse o mesmo nesta capitania, procurando propagar de sementes as Árvores de Madeira própria de construção para serem semeadas nas Matas Reais. Eu tenho há meses intentado construir um Hospital militar por meio de uma subscrição voluntária, a que de bom ânimo se prestou toda a gente; havia determinado que junto a ele houvesse um Quintal grande para uma coleção de plantas mais medicinais; porém, com o aviso de V. Exa., lancei mão de um maior terreno nos subúrbios desta cidade, cujas terras devolutas este mês principio a cercar, e logo que o engenheiro acabe os mapas, de que se acha encarregado, terei a satisfação de enviar a V. Exa. [...] Deus Guarde a V. Exa. S. Paulo 12 de abril de 1799.
Esta carta, por sua vez, não ficou sem resposta. Em novembro de 1799, comunicou o Conde de Linhares ao governante paulista:
Sua Alteza Real lizongea-se, como V. Sª propoem, que sem maior gravame da Fazenda Real, e servindo-se de subscrições voluntárias, poderá construir um Hospital Militar, e o Horto Botânico, onde se reunam as Plantas naturaes, e exóticas, que possam merecer ser cultivadas na Capitania, certamente um e outro objeto são do maior interesse [...]
D. Maria I, a rainha de Portugal naquela época, dedicava especial atenção às ciências e, principalmente, aos produtos agrícolas de suas colônias. Ela viabilizou, por exemplo, a fundação da Academia Real de Ciências de Lisboa em 1779 e, em 1790, promoveu a introdução do café na ilha de São Nicolau, uma possessão portuguesa. Com respeito ao Brasil, tivemos várias iniciativas nessa área, não obstante a mesma soberana ter proibido a fundação de indústrias no país tendo, inclusive, emitido uma ordem em 1785 mandando "destruir as fábricas do Brasil”.
Devido aos seus problemas de saúde, com crises de insanidade, D. Maria I era auxiliada pelo filho, futuro D. João VI, e pelo ministro Conde de Linhares, este considerado o mais ilustrado do corpo administrativo. O conde, aliás, acumulava o cargo de ministro com o de inspetor geral do Gabinete de História Natural e do Jardim Botânico da Ajuda. Com a transferência da Família Real para o Rio de Janeiro em 1808, o Conde de Linhares também participou da fundação do Jardim Botânico desta última cidade.
Jardim Público ou Horto Botânico: o grande espaço na parte superior corresponde a trecho da
atual avenida Tiradentes.
Detalhe da Planta da Imperial Cidade de São Paulo em 1810,
levantada pelo Capitão Engenheiro Rufino J. Felizardo e Costa.
Prefeitura do Município de São Paulo. São Paulo Antigo: Plantas da Cidade.
São Paulo: Comissão do IV Centenário, 1954.
Eis, portanto, o que conseguimos desvendar a respeito da fundação do nosso tradicional Jardim da Luz. Foi ele parte de um processo político-econômico que obedecia a algumas estratégias da metrópole portuguesa. Sugestivo, nesse caso, foi um detalhe que poderia passar despercebido na carta do capitão-general de São Paulo datada de 1799 (uma verdadeira "certidão de nascimento" do Jardim da Luz): reproduziu ele um argumento do próprio Conde de Linhares, ou seja, de que era preciso "propagar sementes de árvores de madeira próprias de construção" e, aqui, não podemos nos esquecer da indústria naval portuguesa, que necessitava dessa matéria-prima para a construção de navios.
Apesar de não ter mantido essa característica nos anos que se seguiram, este foi o real motivo que fundamentou a criação do Parque da Luz.
Luís Soares de Camargo
O Jardim Botânico, em registro executado no período 1844-1847.
Detalhe do Mapa da Cidade de São Paulo e seus Subúrbios, levantada pelo engenheiro
C. A. Bresser.
Prefeitura do Município de São Paulo. São Paulo Antigo: Plantas da Cidade.
São Paulo: Comissão do IV Centenário, 1954.
Obras de referência sobre Parque da Luz:
- ETZEL, Eduardo. O Verde da cidade de São Paulo. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, v. 195, 51-76, 1982.
- GUIMARÃES, Laís de Barros Monteiro. Luz. São Paulo: PMSP, 1977. Coleção "História dos Bairros de São Paulo".
- JORGE, Clóvis de Atahyde. Luz – notícias e reflexões. São Paulo, PMSP, 1988. Coleção "História dos Bairros de São Paulo".
- MARTINS, Antonio Egydio. São Paulo Antigo 1554-1910. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
- SANT’ANNA, Nuto. O Jardim da Luz. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, v. LXI, 43-52, 1939.
- TORRES, Maria Celestina Teixeira Mendes. O Jardim da Luz. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, v. CLXXIV, 71-124, 1968.
Fontes primárias:
- REGISTRO GERAL DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. São Paulo: Archivo Municipal/ Departamento de Cultura, 1917-1946. (consultado v. XII, 1796-1803).
- DOCUMENTOS INTERESSANTES PARA A HISTóRIA E COSTUMES DE SÃO PAULO. São Paulo: Arquivo do Estado de São Paulo, 1894- .(consultados v. 29, 45, 87 e 89).
Sobre D. Maria I e o Conde de Linhares:
- ZUQUETE, Afonso Eduardo Martins (org.). Nobreza de Portugal e do Brasil. Lisboa: Editorial Enciclopédia, 1960.
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Serviços: A Seção Técnica de Logradouros é responsável pela pesquisa e orientação aos
interessados sobre nomes de logradouros paulistanos. A documentação está disponível para consulta através
do atendimento ao público.
Conheça também o site
Dicionário de ruas (parceria AHMWL e Plamarc),
onde através de um banco de dados é possível realizar pesquisas sobre denominações de logradouros paulistanos.
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D. Maria I, rainha de Portugal entre 1777 e 1816. D. João VI, seu filho, assumiu a Regência
em 1792.
http://www.arqnet.pt
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MANUSCRITOS
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Jardins Públicos paulistanos no tempo de João Teodoro
Na segunda metade do século XIX, havia apenas dois espaços de lazer contemplativo na cidade
de São Paulo: o Jardim da Luz, criado em 1799 como jardim botânico e com seu nome mudado para
Jardim Público em 1838, e a Ilha dos Amores, mandada fazer pelo presidente da Província
João Teodoro (gestão: 1872-1875). Constituíam então os únicos
logradouros onde os paulistanos podiam espairecer de modo civilizado. A verdade é que o hábito de sair de casa e passar alguns momentos num banco de jardim, apreciando a paisagem circundante, ou passeando por entre aléias floridas, era recente e a maioria dos moradores não estava muito disposta a cultivá-lo.
Quando o litógrafo francês Jules Martin e o engenheiro Fernando de Albuquerque (e não Francisco, como muitas vezes divulgado) conceberam a planta da cidade de 1877, tinham em mente dedicá-las aos paulistas do interior que vinham à Capital cuidar de seus negócios, principalmente negócios ligados à cultura de café. Por isso tiveram o cuidado de localizar e representar as mais importantes construções da cidade: edifícios religiosos, institucionais, comerciais e fabris. E, ao lado desses prédios, representaram também em minúcias os dois únicos jardins públicos de que São Paulo era provida: o Jardim da Luz e a Ilha dos Amores.
Presidente da Província, filiado ao Partido Conservador, João Teodoro aplicara grande parte dos recursos provinciais na modernização da Capital, aparelhando-a para o conforto e a distração dos fazendeiros do interior, como ele mesmo afirmou num de seus relatórios. Foi pensando no lazer dos ricos forasteiros que reformou o Jardim da Luz e criou a ilha artificial.
Podemos ter uma idéia da aparência desses dois espaços públicos na época
de João Teodoro, observando a mencionada planta de 1877. Ela foi incluída no álbum
São Paulo Antigo: Plantas da Cidade, editado em 1954 pela Comissão do IV Centenário. Não sabemos por que nesse álbum não foi reproduzida a própria planta litografada de 1877, mas sim uma cópia, de péssima qualidade aliás, durante muito tempo considerada autêntica pelos pesquisadores. Os desenhos de Martin foram desfigurados pelo copista e as preciosas informações que poderiam ter sido resgatadas a partir das imagens, ficaram assim bastante comprometidas. Numa eventual reedição das plantas históricas que vier a ser assumida pela Secretaria Municipal de Cultura (reedição muito aguardada pelos pesquisadores, pois o citado álbum se acha há muito esgotado), será necessário sem dúvida substituir a cópia pela reprodução do documento original.
Jardim Público, 1877. O grande logradouro, à direita, corresponde à atual avenida Tiradentes.
Detalhe do Mappa da capital da província de São Paulo, por F. Albuquerque e J. Martin,
copiado por Francisco Sansoni.
Prefeitura do Município de São Paulo. São Paulo Antigo: Plantas da Cidade.
São Paulo: Comissão do IV Centenário, 1954. (planta n.8)
Jardim Público, 1877, na versão original do registro. Note que o exemplar apresenta um erro de registro de
cor.
Detalhe do Mappa da capital da província de São Paulo, por F. Albuquerque e J. Martin.
O Museu Paulista da USP. São Paulo: Banco Safra, 1984
Muito proveitoso estabelecer a comparação entre a cópia publicada em 1954 e a planta de 1877, guarnecida com os desenhos de Martin. Na área do Jardim da Luz, por exemplo, reconhecemos o lago em forma de cruz de Malta, construído em 1825, e os pavilhões e o mirante erguidos a mando de João Teodoro. O alto mirante, por sua forma, logo foi ridicularizado pelos oposicionistas do presidente que o apelidaram de “canudo”. Todos queriam saber qual era a sua serventia. Seria um observatório astronômico ou um imenso chafariz? João Teodoro, na defensiva, nada declarava.
A Ilha dos Amores também recebeu esse nome por ironia dos deputados liberais (diziam que o autor da
brincadeira era o Padre Valadão). Criada na Várzea do Carmo, às margens do
Tamanduateí, numa área próxima a um depósito de lixo, ficou totalmente
submersa nas primeiras chuvas de verão, em 1874. Do alto da tribuna da Assembléia
Legislativa, um deputado gaiato recitava:
Ilha minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta terra descontente
Repousa lá no céu eternamente
(Risadas continuadas)
O Sr. Arouca: – Aqui devia ser – repousa lá embaixo eternamente – !...
Ao centro, a Ilha dos Amores, posicionada entre o atual centro histórico, à esquerda, e a
Várzea do Carmo.
Detalhe do Mappa da capital da província de São Paulo, por F. Albuquerque e J. Martin,
copiado por Francisco Sansoni.
Prefeitura do Município de São Paulo. São Paulo Antigo: Plantas da Cidade.
São Paulo: Comissão do IV Centenário, 1954. (planta n.8)
O mesmo registro, na versão original. Observe a diferente qualidade das representações
dos edifícios, resultado das alterações introduzidas pelo copista.
Detalhe do Mappa da capital da província de São Paulo, por F. Albuquerque e J. Martin.
O Museu Paulista da USP. São Paulo: Banco Safra, 1984
O que mais irritava os deputados da oposição era o fato de que grande parte das obras
realizadas durante a gestão João Teodoro estava sob a responsabilidade do Capitão da
Guarda Nacional Antônio Bernardo Quartim, um empresário de obras públicas amigo do
presidente da Província e notoriamente desonesto e incompetente. Tudo que construía ficava
extremamente caro, feio e mal feito. Com fundações insuficientes, o “canudo” logo inclinou
como uma Torre de Pisa (demolido em 1900). E na Ilha dos Amores, os vários pavilhões e
elementos decorativos foram satirizados pelo jornal humorístico O Polichinello (1876).
Curiosa era a luminária decorativa de ferro fundido, figurando um pajem do século XVI.
Executada na fundição francesa Societé Anonyme des Hauts-Fourneaux & Fonderies du
Val d’Osne, foi assentada numa base de alvenaria disforme e descomunal, comicamente qualificada pelo jornal como exemplo de “architectura egypciana”. Depois de desmanchada a ilha artificial, a escultura foi transferida para o Largo do Arouche e em seguida para o depósito da Prefeitura. Hoje orna o jardim da sede do Centro de Estudos Jurídicos (Cejur), da Prefeitura, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, mas já sem o pedestal original, causa de tantas gargalhadas entre as hostes liberais nos meados dos anos 1870.
Eudes Campos
Obras de referência
- CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o Império. 1997. Tese (doutorado em Estruturas Ambientais Urbanas) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo.4v.
- ______. São Paulo: desenvolvimento urbano e arquitetura sob o Império. In: PORTA, Paula.
História da Cidade de São Paulo, a cidade no Império 1823-1889. São Paulo: Paz e Terra, 2004. 3v. v.2. (cap. 5)
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Serviços: A Seção Técnica de Manuscritos atende de segunda-feira à sábado, das 9 às 17 horas.
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Mappa da capital da província de São Paulo, 1877.
Versão 1954.
Clique na imagem para ampliar.
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ESTUDOS & PESQUISAS
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Parque do Ibirapuera: trajetória de implantação
O Parque do Ibirapuera, maior área verde urbana da região central da cidade de São
Paulo, foi objeto em 2004 de pesquisa desenvolvida pelo Arquivo Histórico Municipal. Esse
esforço permitiu estabelecer um extenso painel sobre as diversas proposições para
ocupação da várzea do Ibirapuera entre 1890 e 1954, ano em que é inaugurado o
Parque como evento integrante da programação dos festejos comemorativos do IV Centenário
da cidade.
Traço distintivo do projeto de pesquisa é investigar e difundir a documentação
pertencente ao acervo sob custódia da instituição, em especial o fundo Comissão do
IV Centenário da Cidade de São Paulo. Nesse processo estiveram envolvidos a Seção
Técnica de Estudos e Pesquisas, coordenando o projeto, a Seção de Manuscritos,
responsável pela guarda e disponibilização do acervo, e a Seção de
Encadernação e Restauro, que responde pela higienização e conservação de documentos.
A pesquisa procura traçar todo o histórico do processo de formação e
delimitação da antiga várzea de Santo Amaro em parque até a elaboração e
implementação do projeto implantado na década de 1950, apresentando os edifícios
construídos para a comemoração do Centenário, parte deles posteriormente
demolidos. Dentre o conjunto documental investigado estão projetos das décadas de 1920 e 1930,
desconhecidos pela maioria do público paulistano, encontrados no Arquivo Geral de Processos.
O longo processo de debate sobre as propostas de intervenção revela a um só tempo as
dificuldades de intervenções dessa natureza e porte, bem como a importância de
inserção das áreas verdes, seus uso e valor simbólico.
A primeira menção à implantação de um parque no local data da década
de 1920 durante a administração J. Pires do Rio (1926-1930). Em 1929, Reynaldo Dierberger
apresenta um projeto detalhado, publicado na imprensa especializada. Três anos depois, por
solicitação do interventor municipal Goffredo Silva Telles, Dierberger desenvolve nova
proposta.
Neste artigo, são apresentados uma breve cronologia sobre as propostas no período entre 1890 e
1954, e uma súmula sobre o primeiro projeto de Reynaldo Dierberger, como exemplo da
documentação relativa a esse longo processo de implantação do Parque do Ibirapuera.
Breve cronologia
- 1890 – O Governo Federal passa à administração municipal a posse dos
terrenos que seriam ocupados posteriormente pelo Parque do Ibirapuera.
- 1905 – O Banco de Crédito Real vende para o Estado as terras da Invernada dos Bombeiros
localizadas na área.
- 1916 – Levantamento das terras devolutas da Várzea do Ibirapuera.
- 1918 – Proposta de loteamento do Jardim Lusitânia.
- 1918 - Primeira referência a projeto de construção de um parque no local,
durante administração Pires do Rio.
- 1929 – Projeto Reynaldo Dierberger apresentado na revista Architectura e
Construcções.
- 1930 – Proposta da Câmara Municipal para transferência do Jockey Club, então na
Mooca, para o Ibirapuera.
- 1930 – Plano de Avenidas, de autoria de Francisco Prestes Maia, prevê diretrizes
para o parque.
- 1932 – Projeto do arquiteto Reynaldo Dierberg é solicitado pelo prefeito Goffedo da Silva
Telles, sendo revisto no ano seguinte.
- 1935 – Projeto do parque modifica a destinação de área reservada ao Jockey
Club substituindo seu uso pelo viveiro Manequinho Lopes.
- 1942 – Durante a administração Prestes Maia é revogado o loteamento do
Jardim Lusitânia.
- 1945 – Primeiros estudos para localização do Obelisco, dedicado ao Soldado
Constitucionalista, cujas obras são iniciadas em 1949.
- 1946 – Iniciada a construção do Monumento às Bandeiras.
- 1951 – Criação da Comissão dos Festejos do IV Centenário que definirá
a construção do parque e será responsável pelas negociações dos terrenos.
- 1951 – Desenvolvidas propostas diversas, entre elas, as de Rino Levi e de Cristiano Stockler das Neves.
- 1952 - Seleção da proposta do arquiteto Oscar Niemeyer e equipe pela Comissão do IV
Centenário, cujas obras serão desenvolvidas entre 1952 e 1953.
- 1954 – Inauguração do Parque em 21 de agosto.
A primeira proposta de Reynaldo Dierberger
Durante as duas primeiras décadas do século XX, o processo de expansão física da
cidade de São Paulo ganha velocidade. Sua população crescera em ritmo vertiginoso
durante os últimos anos da centúria anterior, o que motivara contínuos investimentos em
infra-estrutura e novos serviços, como, por exemplo, a implantação do sistema de bondes
elétricos.
Na região próxima da várzea ocupada atualmente pelo Parque do Ibirapuera é
lançado em 1919 pela Cia City o loteamento do Jardim América, cujo direcionamento a um
público de maior renda ajudou a valorizar as áreas limítrofes.
Em 1929, o arquiteto-paisagista Reynaldo Dierberger apresenta a primeira proposta urbanística para a
implantação de um parque na região. Filho de alemães radicados no Brasil desde 1890,
Reynaldo retorna da Europa, onde estudara, para junto com a família investir na produção de
plantas frutíferas, criando em 1927 a Dierberg & Cia. Reynaldo será o
responsável pelos projetos paisagísticos desenvolvidos pela firma.
Sob competente direção, a "Seção Paisagismo", da Dierberger & Companhia levou a efeito
notáveis trabalhos nesse segmento. Dentre os projetos de jardins e parques, tanto de particulares
como públicos, destacam-se: jardins do Palácio Guanabara (RJ), jardins para família
Guinle em Teresópolis, o parque do Museu do Ipiranga (SP), entre outros. Participaram da equipe da
seção profissionais como Reynaldo Dierberger, Gustavo Bausch, Rodolpho e Joaquim Boehm, e
Walter Bartsch (veja http://www.fazendacitra.com.br/cronica.htm).
O projeto do Ibirapuera, publicado na revista Architectura e Construcções, propunha uma
ocupação que conciliava extensos gramados e jardins articulados por meio de caminhos,
valorizando perspectivas. Ao mesmo tempo incluía campos de esportes, como jogos e corridas, e
edifícios destinados à ginástica, concertos e restaurantes.
Projeto Reynaldo Dierberger, 1929: planta baixa.
DIERBERGER, Reynaldo. O Parque Municipal do Ibirapuera, em São Paulo. Architectura e
Construcções, 1 (11): jun.1930.
Na entrada do Parque pela Avenida Brasil, Dierberger projetou um suntuoso pórtico, que permite o acesso a
larga avenida que circunda a área central. Logo no primeiro nível da entrada foi planejado
“um largo e imponente ‘plano inclinado’” onde se localiza o Cassino Municipal e a Piscina, com seu
edifício de vestiário. Em frente ao Cassino, Dierberger implantou
“extensos gramados subdivididos por baixas cercas vivas, com molduras formadas por densas carreiras de
árvores de sombra e ornamentais”, fazendo a ligação com a área da piscina.
Projeto Reynaldo Dierberger, 1929: Entrada pela avenida Brasil - Cassino e piscina.
DIERBERGER, 1930.
Continuando por esta entrada, atrás do Cassino Municipal, Dierberger projetou um enorme jardim,
tendo no centro um imponente ‘Roseiral’ circundado por cercas vivas talhadas, como se observa na
perspectiva abaixo.
Projeto Reynaldo Dierberger, 1929: eixo central e arvoredo.
DIERBERGER, 1930.
Na imagem seguinte, à esquerda do eixo principal, vê-se um canal afluente à piscina,
no intuito de retirada das águas em períodos de estiagem. Esta área inclui
"pitorescos grupos de árvores e aleas" que envolvem os extensos gramados. A larga avenida, ao centro,
foi criada por Dierberger para a ligação entre a Rua Abílio Soares e a Estrada
Washington Luís, atualmente a Avenida República do Líbano, cortando o parque pela
transversal.
Projeto Reynaldo Dierberger, 1929: canal.
DIERBERGER, 1930.
Acima da avenida transversal, Dierberger projetou o que descreve como “'cascata rústica' e
conducente das águas do ribeirão, e principia junto [da] 'Torre de descortino' a qual neste ponto erigida, é circundada por um pequeno lago”. Este conjunto foi dedicado a plantas representantes da
vegetação nacional.
Projeto Reynaldo Dierberger, 1929: cascata e parque de espécimes nativas.
DIERBERGER, 1930.
Ainda a respeito desta ocupação central, podemos nos reportar a outras
referências que não às estritamente francesas e inglesas. Dierberger se apropria das
características dos parques alemães, dividindo o projeto do Ibirapuera em duas partes,
além da área central. Os desenhos estelares, bem como a implantação de campos de jogos
e a forma do estádio são outras marcas da produção alemã presentes no
seu estudo.
Continuando no conjunto do parque, em frente à união das avenidas principais, Reinaldo Dierberger
projetou os campos de futebol, tênis e golfe, todos cercados com uma vegetação densa e
alta para a proteção contra ventos e sol. A presença de esportes pouco difundidos então
indica indiretamente o alto nível econômico do público a que se destina o parque.
Projeto Reynaldo Dierberger, 1929: estádio.
DIERBERGER, 1930.
Descrevendo o lado direito do eixo principal, temos o “Theatro ao ar livre”, situado
dentro de um denso bosque natural. O teatro é então considerado uma atração especial nos
parques modernos. Atrás dele, numa formação natural, está um dos lagos
destinados às atividades de remo e natação, ao lado de caminhos para passeios e pistas
para cavalos.
Projeto Reynaldo Dierberger, 1929: teatro.
DIERBERGER, 1930.
Após o lago natural, no sentido norte-sul, está localizada a segunda suntuosa entrada do
parque. No encontro das Avenidas Washington Luís e Rua França Pinto, circundada por
gramados, ela conduz ao “stadium” de ginástica e jogos olímpicos, destinado também
a abrigar a sede do Club.
Projeto Reynaldo Dierberger, 1929: entrada junto à Avenida Washington Luís.
DIERBERGER, 1930.
Na extremidade oeste, em frente à Rua França Pinto, está localizada a Hípica.
Ao seu redor foram posicionados diversos campos para jogos e passeios, além de uma área
para o cultivo de plantas e estufas, bem como alojamentos para os empregados.
Projeto Reynaldo Dierberger, 1929: Hípica.
DIERBERGER, 1930.
Rumos de um projeto
Em 1931, durante a administração de Goffredo Teixeira da Silva Teles surge o primeiro projeto
oficial para o parque, aprovado pelo Ato n.378, de 29.07.1932. A iniciativa previa a remoção do
Hipódromo da Mooca para os terrenos do Ibirapuera, aprovada pela lei n.3.256, de 21 de
janeiro de 1929. Reynaldo Dierberger é convidado pela municipalidade a apresentar nova proposta.
Os dois projetos de Dierberger são distintos, coincidindo apenas a referência ao paisagismo
alemão. Nesta nova proposta, o autor respeita o traçado viário existente,
incorporando o prolongamento previsto para Avenida Brasil, e desconsidera o loteamento de 1918 agregando
sua área à proposta.
O projeto concentra-se na disposição de atividades de esportes, diversão e cultura,
dentro do conjunto de logradouros, bosque, passeios, ruas, caminhos, lagos e avenidas, deixando clara a
instalação da hípica.
A proposta, que não foi acompanhada de memorial, marca uma redução da monumentalidade,
a referência ao estilo Art Déco nas edificações, além da ocupação de
uma área menor que no primeiro esboço. Outros aspectos que identificam o projeto são
o prolongamento da Rua Abílio Soares e a ligação das Ruas José Coelho e Pelotas à
Avenida Brasil, a criação de lagos a partir dos córregos que cortam o terreno e a criação
de um espaço destinado ao cultivo e exposição de plantas, que, supostamente,
atenderia às atividades do viveiro.
Em janeiro de 1933, a Repartição de Águas e Esgoto de São Paulo não concordou com o
projeto por este desconsiderar os estudos de escoamento das águas pluviais e do esgoto.
A decisão leva a um processo de revisão da proposta, com memorial do engenheiro Marcial Fleury de
Oliveira, aprovado pelo Ato n.459, de 11.05.1934.
Texto compilado por
Ricardo Mendes
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INTERCÂMBIO
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Parque de Ibirapuera: projeto de difusão de pesquisa
O projeto de pesquisa Parque do Ibirapuera, desenvolvido em 2004 pelo AHMWL, prevê como
produtos de difusão uma exposição para montagem no local e um catálogo de
evento como documento suplementar. Algumas opções curatoriais se encontram disponíveis
às empresas interessadas no projeto.
Contatos sobre o projeto podem ser feitos diretamente na diretoria do AHWML.
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RESTAURO EM PAPEL
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As pragas de Verão
O clima que caracteriza o verão, quente e úmido, é também o clima
propício para a deterioração dos livros e documentos. A temperatura acima de 20ºC e
a umidade relativa do ar acima de 50% desencadeiam processos químicos nos papéis, peles,
cartões, adesivos e tintas, acelerando a sua degradação.
Locais quentes e úmidos, escuros, pouco ventilados e carentes de limpeza são ideais para o
desenvolvimento de microorganismos (fungos e bactérias) e para os insetos realizarem as suas
atividades vitais.
Os microorganismos provocam a perda da resistência física do papel, manchas de cores diversas,
quase sempre definitivas, além de serem nocivos à saúde.
Quanto aos insetos, os mais conhecidos entre nós são as baratas, os piolhos de prata, as
brocas e os cupins. As asquerosas baratas e os piolhos de prata atacam na calada da noite. Corroem a
superfície dos papéis e deixam excrementos e saliva como resíduo. As brocas são
pequenos insetos similares aos besouros voadores, mas é no estágio de larva que, com
voracidade e rapidez, consomem os papéis. Por onde passam deixam orifícios regulares e um
pó similar a areia. Os cupins têm aversão à luz e geralmente são
detectados quando já instalaram suas colônias no edifício, ou mesmo distante dele.
Transformam em renda livros e documentos.
Dicas de prevenção
- Monitorar com freqüência o acervo e seu entorno.
- Mapear os focos de infestação e buscar a orientação de profissionais.
- Realizar com freqüência o controle ambiental: temperatura (próxima a 20ºC),
umidade relativa do ar (50%), ventilação permanente e luz indireta.
- Não consumir ou manter alimentos e líquidos no acervo.
- Não utilizar inseticidas aleatoriamente. Embora atuem como paliativo, eles comprometem o
acervo e as pessoas.
- Higienizar sistematicamente o acervo e o espaço físico.
Maria Isabel Garcia
DICA: no site do projeto CPBA - http: www.cpba.net -
estão disponíveis informes sobre o tema
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CCAD
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Informações sobre as atividades da CCAD e das CSAS
A Comissão Central de Avaliação de Documentos-CCAD, criada em 1990, é
uma entidade da Secretaria Municipal de Gestão. Sua presidência é exercida pela
Diretoria do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís, da Secretaria Municipal de Cultura,
entidade que tem sob sua custódia a documentação de guarda permanente da
Administração Pública Municipal da Cidade de São Paulo.
A legislação que criou a CCAD (Portaria nº 39, de 22/01/1990, com
reorganização através dos Decretos n° 29.745, de 14/05/91 e 35.042, de 05/04/95)
estabeleceu também as Comissões Setoriais de Avaliação de Documentos-CSAs,
pertencentes às Secretarias, Autarquias e Empresas Públicas Municipais.
O objetivo geral da CCAD é instituir uma política de gestão de documentos no
âmbito da administração pública municipal, com vistas à
avaliação, seleção e preservação de seu patrimônio documental.
São competências da CCAD:
- Propor critérios de racionalização e controle da produção de
documentos;
- Definir critérios de valoração de documentos destinados à
preservação do patrimônio documental do Município;
- Orientar e coordenar as atividades desenvolvidas pelas Comissões Setoriais de
Avaliação-CSAs, no processo de levantamento e avaliação dos documentos
produzidos e acumulados em suas unidades, e supervisionar as transferências ou recolhimentos de
documentos, de acordo com a destinação proposta nas Tabelas de Temporalidade;
- Avaliar, adequar e aprovar as propostas de Tabelas de Temporalidade elaboradas pelas Comissões
Setoriais de Avaliação-CSAs, conforme critérios definidos em
legislação específica de cada secretaria municipal;
- Avaliar o teor das Tabelas de Temporalidade publicadas, promovendo, se necessário,
correções ou adequações;
- Submeter as Tabelas de Temporalidade à homologação da autoridade competente.
A Comissão Central de Avaliação de Documentos é multidisciplinar e
intersecretarial, sendo constituída por profissionais das áreas de Arquivologia, História,
Direito, Administração e Informática, dos mais diversos setores da
Administração.
As Comissões Setoriais de Avaliação- CSAs são compostas por no
mínimo cinco representantes – obrigatoriamente um da área jurídica e outro da área
técnica –, de cada Secretaria, Autarquia ou Empresa Pública. Estes integrantes devem ter
pleno conhecimento da estrutura organizacional da instituição à qual pertencem,
além de domínio da tramitação e fluxo documental de sua área de
atuação.
São competências das Comissões Setoriais de Avaliação- CSAs:
- Promover o levantamento e a identificação das séries documentais produzidas,
recebidas ou acumuladas por seu respectivo órgão;
- Elaborar a proposta de Tabela de Temporalidade, encaminhando-a, acompanhada das necessárias
justificativas, para a apreciação e aprovação da CCAD;
- Convocar auxiliares temporários para o desenvolvimento dos trabalhos, em razão de sua
especificidade ou volume;
- Acompanhar os trabalhos de organização, racionalização e controle de
arquivos e documentos de seu órgão, visando o estabelecimento de rotinas de
eliminação ou envio para guarda permanente;
- Propor modificações e atualizações permanentes na Tabela de Temporalidade
de sua instituição;
- Elaborar relação de documentos a serem eliminados ou remetidos para guarda permanente;
- Coordenar o trabalho de seleção e preparação material dos conjuntos documentais
a serem eliminados, deixando-os disponíveis para eventuais verificações;
- Presenciar a eliminação dos documentos, lavrando a respectiva ata.
Ao longo dos anos, as atividades das Comissões Central e Setoriais de Avaliação de
Documentos ( CCAD e CSAs) sofreram descontinuidade e interrupções, em virtude de
constantes mudanças na direção e gestão dos órgãos implicados no trabalho.
A partir do segundo semestre de 2005, as atividades da CCAD e das CSAs ganharam novo impulso,
proporcionado, por um lado, pela publicação do Decreto 46.400, de 28/09/2005, que apresenta
um novo modelo nas Tabelas de Temporalidade, e por outro, pelas novas Comissões Setoriais nomeadas.
De setembro a dezembro de 2005, foram nomeadas e publicadas no Diário Oficial da Cidade de
São Paulo as Comissões Setoriais de Avaliação de Documentos das seguintes
instituições:
- CSA da Secretaria Municipal de Educação;
- CSA da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação;
- CSA da Secretaria Municipal de Transportes;
- CSA da SP Trans;
- CSA da CET – Companhia de Engenharia de Trânsito;
- CSA de SIURB – Secretaria Municipal de Obras e Infra-Estrutura Urbana;
- CSA da Ouvidoria Geral;
- CSA da Secretaria Municipal de Serviços;
- CSA da Secretaria de Negócios Jurídicos;
- CSA da Secretaria do Verde e Meio-Ambiente e
- CSA da Secretaria Municipal da Coordenadoria de Subprefeituras.
No período entre julho e dezembro de 2005, foram publicadas quatro Listas de Eliminação
de Processos de 2005, da Divisão de Arquivo Municipal de Processos.
De 1° a 20 de janeiro de 2006, duas Comissões Setoriais de Avaliação foram nomeadas:
- CSA da Secretaria Municipal de Planejamento e
- CSA da Secretaria Especial da Pessoa Com Deficiência e Mobilidade Reduzida.
Fátima Colacite Pessoa de Oliveira
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LINKS APOIO
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Mapa de localização
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Serviços: Visita Monitorada -
O Edifício Ramos de Azevedo, projetado pelo escritório técnico de Ramos de Azevedo,
foi inaugurado em 17 de abril de 1920 para receber os cursos de eletrotécnica e mecânica
da Escola Politécnica. A partir de dezembro de 1999 tornou-se sede do Arquivo Histórico
Municipal Washington Luís (DPH), da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
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AHMWL
Pr.Cel Fernando Prestes n.152
São Paulo - SP
01124-060
tel: 55-11-3326-1010
Acesso
Metrô Tiradentes
funcionamento:
segunda-sábado
9:00-17:00
Topo
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Expediente
coordenação – Liliane S. Lehmann / edição de texto – Eudes Campos
webdesigner – Ricardo Mendes / distribuição – Irene do Carmo Colombo
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