Conversa com japonês em Araçatuba
NOTAS DE VIAGEM
(Especial para a 'Revista do Arquivo')
Rubem Braga
Fui outro dia a Araçatuba fazer uma reportagem. Passei lá dois dias, no segundo dos quais,
a convite do prof. Leônidas Horta de Macedo, dei um passeio pela zona em que os japoneses e seus
filhos fornecem alta porcentagem dos lavradores. Fomos a Iporanga e Guarapes. O 'chauffeur' era japonês,
e durante umas quatro horas de viagem, eu e mais dois jornalistas o crivamos de perguntas. Da conversa do
'chauffeur' e do que vimos no passeio tomei umas notas. São notas desorganizadas de quem não é estudioso do
assunto; mas creio que podem ser úteis a algum estudioso. Essas notas é que vou transcrever aqui. Antes
porém, darei alguns dados sobre o município de Araçatuba, para o leitor ter uma idéia mais ou menos vaga
desse trecho da Noroeste. Aproveito a ocasião para anunciar que o prof. Leônidas está preparando um
estudo sobre a imigração japonesa. Professor de sociologia em uma escola normal e delegado seccional do
Recenseamento, é de presumir que seu trabalho seja feito com método científico e um perfeito conhecimento
da terra.
MUNICÍPIO DE ARAÇATUBA
Antes muito grande, o jovem município de Araçatuba tem hoje apenas um distrito, e um total de 2.600 quilômetros quadrados. Calcula-se que a metade desse território ainda seja ocupada por matas, que são mais numerosas no lado que dá para o rio Tietê. O município exporta 20.000 metros cúbicos de madeira e 97.000 de lenha. Tem várias serrarias. As madeiras melhores que produz são a peroba rosa e a canela.
Araçatuba tem extensas invernadas, menos porém que outros municípios da Noroeste. Essas invernadas são de colonião, jaraguá e sempre verde. Disse o maior invernista local que o gado ali não é afetado pelo berne e muito pouco pelo carrapato. Na verdade o gado que vimos durante a viagem era limpo e bonito. Esse gado provém em geral de Mato Grosso. Uma vez engordado, é vendido para São Paulo. O frigorífico da Anglo, de Barretos, mantém uma boa invernada. Segundo dados que nos ofereceram, mas que não podemos controlar, o município exporta atualmente 70 mil cabeças de gado.
A lavoura mais rica é o algodão, com uma produção de 1.637.124 em caroço. A importância dessa cultura no município é atestada pelo fato de trabalharem ali as maiores firmas, como Anderson Clayton, Matarazzo, Sambra, Almeida Prado & Cia., Brascot e Irmãos Samara. Além de algodão o município produz café (90 mil sacas beneficiadas por ano), arroz (120 mil sacas), feijão (77.200) e milho (108 mil).
A população do município é calculada atualmente em 50 mil habitantes, dos quais 17 mil residentes na sede. Calcula-se que 20 por cento são de raça japonesa. O número de prédios da cidade é de 3.200 e o de propriedades agrícolas 2.475.
A receita este ano está orçada em 1.500 contos, esperando o prefeito Valadão arrecadar 1.645 contos. Em 1939 a arrecadação da Coletoria estadual elevou-se a 2.600 contos e a Coletoria federal rendeu 1.380 contos. A estação da Noroeste (de Araçatuba parte a variante que vai encontrar a linha antiga em Três Lagoas) arrecadou, em 1939, 3.574 contos.
Outros dados sobre o município: 491 estabelecimentos comerciais, 98 industriais, 243 veículos de tração a motor, 21 ônibus, 839 veículos de tração animal, 338 quilômetros de rodovias, 21 escolas estaduais, 14 municipais, 3 grupos escolares, um ginásio estadual, duas escolas de comércio, uma biblioteca pública, 23 médicos, 20 advogados, 16 dentistas, 8 farmacêuticos, 5 engenheiros. A cidade tem uma estação de tratamento de água com 2.000 prédios ligados e um estádio ainda inacabado.
Creio não ser preciso acentuar o progresso desse município da Noroeste, cuja população aumenta constantemente. Qualquer pessoa que sai da cidade nota as lavouras surgindo nas derrubadas recentes, ainda inçadas de troncos queimados. Vamos ao passeio e à conversa.
CONVERSA COM O JAPONÊS
O japonês tem 26 anos e veio para o Brasil aos 13. É viúvo. Possue uma pequena propriedade que arrenda a outro japonês que ali tem muitas frutas e alguma criação. Tem um automóvel e o explora pessoalmente. Tem pai e irmãos, aos quais é muito ligado – inclusive uma irmã que está no terceiro ano do ginásio e vende frutas na feira duas vezes por semana.
— Onde é melhor, aqui ou Japão ?
Respondeu que aqui é muito bom, mas o Japão é melhor porque 'tem mais divertimento'. Aqui é melhor para ganhar dinheiro.
— Se ganhar bastante dinheiro gostará de ir viver no Japão ?
Disse que não, pois não acostumaria. Contou que seu pai certa vez foi ao Japão e talvez ficasse morando outra vez lá, mas não se acostumou. Entre outras coisas porque os japoneses lá, quando chega um que volta do Brasil, acham que ele deve ter muito dinheiro e o exploram quanto podem. Disse ainda que tem muita vontade de ir passear no Japão.
— Sua família no Japão era de lavradores ? Vivia na roça ?
Disse que sua família era de uma pequena cidade perto de Tóquio. Família de comerciantes. Acentuou que os japoneses da roça não vêm para o Brasil porque 'estão agarrados na terra' (sic) e essa terra é trabalhada por seus pais há muitos mil anos. Contou que veio muito japonês comerciante e empregado no comércio, gente urbana, quando houve no Japão uma crise muito forte e todo mundo ficou sem dinheiro. Disse que agora vem menos japoneses porque eles estão indo para a China. Uns para a guerra, outros para trabalhar no território conquistado. Esses trabalham na roça com espingarda ao lado, porque sempre há perigo de um ataque chinês.
— Tem algum parente na guerra ?
Tem um irmão mais moço que há dois anos está na China do Sul e é telegrafista. Escreve às vezes, mas suas cartas são quase ilegíveis devido à censura. Isto aliás acontece com toda a correspondência vinda da China.
— Por que o Japão guerreia a China ? A China provocou ?
Custou um pouco a responder a esta pergunta, e, instado a dar uma explicação, disse que era 'difícil explicar'. Finalmente disse que essa guerra tem mil anos e agora o Japão resolveu 'acabar com ela'. Tem plena certeza de que o Japão vencerá a guerra.
— Seu irmão ganha bem como soldado ?
Disse que não, e acentuou que soldado japonês não é como outros soldados, que fazem questão de dinheiro. Luta porque sabe que é preciso, e se contenta com a comida.
— E o governo sustenta as famílias dos soldados pobres ?
Sim. Mas é muito raro uma família pedir auxílio ao governo. Isso só é feito quando a família não tem nenhum meio de viver pelo trabalho.
As famílias pobres trabalham muito e vivem muito mal, mas preferem não passar pela vergonha de pedir auxílio ao governo. Devido à guerra é muito grande o número de mulheres que trabalha em serviços antes quase exclusivo dos homens.
— E você, não tem de ir para a guerra ?
Respondeu que todo ano tem de se apresentar, e então lhe é fornecido um certificado. Disse que, se fosse preciso, iria.
— Estudou no Japão ?
Estudou no ginásio. A respeito de ginásio disse que agora é obrigatório o estudo do 'jiu-jitsu'. O esporte predileto é o 'baseball'. Numerosos japoneses que vimos trabalhando no campo usavam o boné do jogador de 'base-ball'. Nosso 'chauffeur' disse que já jogou bem, mas agora por falta de exercício 'o corpo está duro'. Aprendeu no ginásio 13 mil sinais da escrita japonesa, mas já esqueceu a grande maioria. Aprendeu a ler português com facilidade. Lê bem, mas tem dificuldade em compreender. Sua irmã, que compreende bem o português (a que está no 3º ano do ginásio brasileiro) também sabe perfeitamente o japonês, mas tem dificuldade em explicar ao resto da família o que lê num jornal brasileiro. Conhece bem as duas línguas mas nem por isso consegue explicar, porque 'é muito difícil' explicar em japonês uma coisa que está escrita em português, e vice-versa.
— Gosta de hai-kai ?
Naturalmente. Disse que há, na zona, um clube de hai-kai, em que todos sábados se reúnem os comerciantes e lavradores japoneses para fazer hai-kai. Citou alguns poetas modernos japoneses e disse que dos antigos o melhor é Issa. Disse que já leu traduções em português de hai-kai, mas essas traduções não dão nenhuma idéia do poema. Acha que para entender um hai-kai 'é preciso saber língua japonesa'. Citou uma tradução de um hai-kai famoso (que o repórter conhecia através de uma conferência de Guilherme de Almeida) e disse que isso em português não tem graça nenhuma, que em japonês 'não é assim', 'não pode explicar'.
— Conhece a terra boa para plantar ?
Respondeu apontando o trecho do terreno à margem da estrada, onde havia algumas palmeiras. Disse que ali a terra é fraca, não presta. Terra onde tem peroba, é forte, muito boa. Como a estrada varasse um trecho de mata, indicou que ali também a terra não era boa. Contou que há tempos levou a passeio no seu carro por aquela estrada alguns japoneses vindos recentemente do Japão e eles ficaram entusiasmados com aquela mata, dizendo que a terra devia ser ótima. Isso porque no Japão hoje não há matas em terreno plano, mas só em morros muito inclinados. Explicou aos seus patrícios que era engano, pois aquela terra não era boa. Logo que se chega do Japão – comentou – a gente não conhece nada e é muito enganada. Há, na colônia, alguns japoneses espertos que exploram a 'japonesada' (nosso 'chauffeur', sempre que se referia aos seus patrícios, usava essa expressão).
Um deles, cujo nome citou, deu prejuízo a dezenas de famílias que por sua culpa tiveram de abandonar as terras onde se haviam fixado. Esse espertalhão ficara com o dinheiro que lhe fora entregue para pagar a primeira prestação da terra, e o dono desta, que não era japonês, foi obrigado a desalojar as famílias. Agora o espertalhão não tem mais 'confiança', 'perdeu a confiança' (a palavra é usada no sentido de 'crédito'). Lembra-se que quando veio do Japão quis capinar um arrozal pensando que fôsse capim.
— Mas você não conhecia arroz no Japão ?
Conhecia. Mas no Japão o arroz é plantado dentro d'água e não como aqui em terra firme 1.
O 'chauffeur' disse ainda que japonês quando chega cai em logros muito engraçados e sempre corre o perigo de ser explorado.
— É verdade que japonês gosta muito de jogar no 'bicho' ?
Disse que sim. Ele não joga, mas muitos de seus amigos japoneses jogam. A respeito de um desses amigos contou que certa vez sonhou com um milhar e logo cedo foi à cidade comprar um bilhete de loteria com o número que lhe aparecera em sonho. Mas outro japonês já comprara o bilhete, que foi premiado com 500 contos. Em vista disso seu amigo passou a jogar no 'bicho', em que arrisca no número de sua preferência. Jogo muito forte e tem sorte. Perguntando a esse amigo porque não para de jogar ele respondeu que não pode porque sempre sonha com um bicho ou com um número, e então tem de jogar. Reprova esse costume.
— Conhece no município algum japonês casado com brasileira ?
Disse que é muito raro japonês casar com brasileira, e mais raro ainda japonesa com brasileiro. Mas 'tem'. Conhece no município quatro japoneses casados com brasileiras. Um deles não tem sido muito feliz. Quando os japoneses amigos do marido vão visitá-lo a mulher fica irritada porque eles conversam em japonês e os trata mal. Assim também o marido trata mal as amigas brasileiras da mulher.
— E você não se casará com brasileira ?
Riu a essa pergunta dizendo em tom de brincadeira que se o repórter arranjasse uma brasileira moça e bonita se casaria. Depois, conversando sério, disse que não dá certo, porque 'o costume é muito diferente'. Assim por exemplo: brasileiro sai com a mulher de braço pela rua. Japonês não. O marido vai na frente e a mulher atrás. Perguntamos se achava esse costume melhor, e respondeu que cada um tinha seu costume e é por isso que não dá muito certo o casamento.
— Conhece fulana ?
'Fulana' dessa pergunta, feita por um morador de Araçatuba, é uma jovem japonesa muito bonita e namoradeira, embora honesta. Respondeu rindo que fulana tem 'sistema de brasileira, vive toda pintada e passeia no jardim'.
— Mas japonesa não passeia no jardim ?
Respondeu que os rapazes japoneses não querem saber de casar com uma japonesa que passeia no jardim. Nenhum 'quer saber de conversa' com ela. Por que ? Porque o 'costume de japonesada é diferente'.
Perguntamos se havia japonesas na prostituição. Respondeu que quando uma japonesa começa a se entregar à prostituição o cônsul a manda para o Japão. 'Não pode'. Informado por um morador do município de que duas japonesas estavam fazendo leviandades, disse que não sabia. Juntou, rindo, que era bom saber disso e, com malícia, que 'ia ver se era mesmo'. Inquerido sobre se preferia mulher japonesa ou brasileira preta, mulata ou branca, disse que preferia japonesa 'pelo costume', mas gostava 'até de preta'.
A certa altura vimos uma jovem japonesa que trabalhava um campo com o arado puxado por uma égua. Ao lado da égua estava um potro – e no campo imenso sobre o fundo verde escuro da mata, debaixo do céu cinzento, aquele grupo de criaturas tinha uma grandeza simples e dramática. Havia um sentido maternal: a égua maternal, a mulher maternal que trabalhava a terra como se cuidasse de uma criança, a grande terra maternal rasgada pelo arado. Desculpem os leitores esta tiradinha literária – mas aquilo me comoveu. O 'chauffeur' diminuiu a marca do carro e cumprimentou de longe a mulher, em português. Ela, sem tirar as mãos do arado, voltou a cabeça e respondeu rindo. O carro passou e a mulher continuou o seu trabalho.
— Quem é essa ? Sua amiga ?
Respondeu que era uma moça solteira, muito bonita e muito trabalhadeira. Fez ainda outros elogios à moça e, respondendo a uma insinuação, concordou em que gostaria de se casar com ela.
— E por que não casa ?
Respondeu que não podia porque o seu pai, dele, não deixava. Como estranhássemos, explicou que o pai dele 'era o chefe da família' e é preciso 'ter obediência ao chefe da família, quem manda é ele'. Perguntamos o que faria o pai se, contra a sua vontade, ele se casasse com a moça. Respondeu que não se casaria contra a vontade do pai. Se casasse então a família 'ia mal' porque não 'tinha chefe' e o pai não lhe daria o dinheiro que daria se ele se casasse com uma jovem a gosto do 'velho'. Perguntamos pelo motivo da oposição paterna. Explicou que era porque a família daquela moça era 'muito atrasada'.
— 'Atrasada' como ?
Fez com os dedos sinal de dinheiro. A família da moça viera para o Brasil ao mesmo tempo que a sua, mas ainda estava muito 'atrasada' em matéria de dinheiro. O casamento, portanto, não era aconselhável. Mas gostava da moça e estava querendo que ela se casasse com um amigo seu.
Quando falou a respeito de sua propriedade com plantação de laranjas e outras frutas, perguntamos se a arrendara a um japonês ou a um brasileiro.
Respondeu que 'naturalmente' a um japonês, porque 'esse negócio de fruta japonês é que sabe mexer'.
Comentamos o hábito das queimadas, disse que no Japão não se faz queimadas: o lavrador arranca todos os tocos até as raízes. Disse que na China é que é como no Brasil: há muita terra e por isso o povo vai estragando as terras e passando logo para terras novas.
Perguntado sobre se é verdade que japonês gosta muito de peixe cru disse que sim, que é muito bom. Disse que na sua cidadezinha natal, que fica perto do mar, a alimentação da família era exclusivamente cru, arroz e verduras. Disse também era 'muito gostoso' talo de bambu. A propósito de uma garça que passou voando disse que 'era proibido matar aquilo' e mostrou perfeito conhecimento das determinações oficiais sobre caça e pesca. Perguntado sobre religião respondeu que era budista.
CONVERSA COM UM BRASILEIRO
Parando em lugarejo de umas trinta casas encontramos um brasileiro com uma pequena casa de negócio. Estava na zona há pouco tempo, vindo da Araraquarense. É filho de espanhol. Perguntamos que tal os japoneses. Respondeu que 'é gente que não combina com nós', porque 'com eles tudo é lá entre eles'.
Um japonês só vai comprar qualquer mercadoria em sua casa comercial quando não a encontra na casa comercial de um japonês. Frisou, entretanto, que é gente 'que não faz mal a ninguém', boa gente, que não discute nem briga'.
Acha que nunca o japonês se misturará. Disse que é gente que tem muito respeito por tudo que é lei e coisa oficial, prefere pagar a discutir. 'Mete a mão no bolso e paga'. Assim os japoneses são muito fáceis de explorar por espertalhões que se fazem passar por autoridades, ou, ocasionalmente, por algum representante desonesto da autoridade. Afirmou ainda que os japoneses são muito inclinados ao suborno e de um modo geral preferem perder dinheiro a ter qualquer complicação.
Contudo que havia ali uma escola japonesa, que o governo mandou fechar. Como a escola continuasse funcionando, foi lá uma autoridade policial e a fechou. Algum tempo depois a escola voltou a funcionar secretamente no meio do mato. As crianças saiam de casa levando sacolas no lugar das pastas escolares. Com essas sacolas davam a impressão de que iam levar comida para os parentes que trabalham na roça. Saíam em rumos diferentes e depois se juntavam e iam para a escola no meio do mato. Houve denúncia e a polícia fechou a escola e prendeu alguns japoneses, que pouco tempo depois foram soltos. Desistiram então de manter uma escola japonesa. Como por iniciativa particular se fundasse na localidade uma escola brasileira, os japoneses aderiram plenamente a essa iniciativa. O resultado é que a escola (uma criança paga mensalmente 8 mil réis) tem hoje 60 crianças das quais 54 filhas de japoneses. A professora é brasileira filha de alemão.
No ano que vem será nomeada para essa escola uma professora pública, e então aumentará o número de crianças brasileiras. Fato característico da falta de rancor e da habilidade dos japoneses, segundo nosso entrevistado, é este: um dos japoneses presos por ocasião do fechamento da escola clandestina mandou seus filhos para a escola brasileira e fez questão de que a moça professora fosse morar em sua casa, onde é acumulada de atenções e gentilezas.
Disse que os japoneses são gente 'muito respeitadora', e que as jovens professoras gostam de trabalhar em zonas de colonização japonesa porque são muito respeitadas e muito bem tratadas, quase sempre tendo casa e alimentação gratuitas.
Disse que depois que se verificou o caso do funcionamento clandestino da escola 'a polícia pôs rejume curto' na 'japonesada'. E isso é preciso porque são gente muito esperta, tanto que, quando isso lhes convém, se faz de boba, finge que não entende uma pergunta, etc. Elogiou a atividade e o 'sistema de trabalho' dos japoneses e notou que ultimamente estava vindo muito brasileiro e estrangeiro de outra raça para a localidade, de modo que os japoneses logo ficariam em minoria. E 'é preciso que eles fiquem em minoria'. Entre os que chegam é grande o número de 'nortistas', talvez maior hoje, no município de Araçatuba, que o de japoneses.”
Nota:
- Vendo algumas casinhas de barro feitas por japoneses, vimos que eles utilizam para dar maior firmeza ao barro, palha de arroz, no lugar de estrume, que é preferido pelos brasileiros.
Volta
(texto integral)
BRAGA, Rubem. Conversa com japonês em Araçatuba. REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL, VI (71): 209-217, out.1940.