O campo da pesquisa sobre cinema no Brasil caracteriza-se nas últimas décadas por um grau de extensão e diversidade pouco comparável em
relação a outras modalidades de imagens técnicas como a fotografia, por exemplo. Ainda assim, nesse quadro, o conjunto documental
custodiado pelo Arquivo Histórico Municipal Washington Luís representa uma fonte ainda intocável, praticamente desconhecida. Em parte
é possível compreender esta situação, - ainda que a documentação custodiada, cobrindo até o ano de 1921,
esteja plenamente disponível ao público -, devido ao tratamento
arquivístico atual, cujos instrumentos de pesquisa não permitem a recuperação direta das informações relevantes.
Esta edição do
Informativo AHM procura assim apontar a potencialidade desse conjunto. Procura
indicar caminhos, como a compreensão da legislação municipal, que estabelece os horizontes de ação, e o conhecimento
da estrutura do executivo municipal do período.
Surgem assim registros únicos
que apresentam contribuições como a constituição dos espaços de exibição, a adoção de modelos arquitetônicos híbridos a
partir da arquitetura teatral, a difusão acelerada durante a primeira década do século XX (a "afluência de espectadores que
aumenta diariamente", nas palavras de Serrador, em 1908, solicitando autorização para uma sala provisória junto ao
Bijou-Theatre),
ou registros de padrões técnicos com a adoção da retroprojeção nas primeiras salas de zinco e madeira, para usar uma expressão de época.
O período estabelecido, entre 1900 e 1930, é certamente longo e diversificado. Compreende desde a presença dos
primeiros ambulantes às salas fixas, da constituição de um sistema de exibição e distribuição, da adoção do modelo do
cine-teatro aos primórdios de um modelo arquitetônico distinto, com a construção dos primeiros cinemas desenhados sob a inspiração da
arquitetura moderna na década de 1930. Essa decisão reflete a intenção de estabelecer uma ponte entre duas obras
significativas sobre o tema na cidade de São Paulo: de
Salões, circos e cinemas de São Paulo, de Vicente de
Paula Araújo (1981) a
Salas de cinema em São Paulo, de Inimá Simões (1990)
(
PDF). Ponte essa, feita ao longo da leitura de
uma obra mais recente:
Imagens do passado, de José Inácio de Melo e Souza (2004). Embora a produção
acadêmica nos últimos anos tenha crescido, no segmento aqui enfocado, ela se concentra em período posterior.
Frente a tal horizonte documental a explorar, é possível antever que sua análise será realizada por uma nova
geração de pesquisadores. É a ela que se dirige esta edição, pequena e pretensiosa caixa de Pandora.
Ao alto, detalhe de vinheta da coluna
A tela em revista. CINEARTE, 1 (14): 27, 02.06.1926.
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