Situada no bairro do Belenzinho, na confluência da Rua dos Prazeres com a Rua Cachoeira, a vila ocupava um terreno que se estendia do Rio Tietê até a Avenida Celso Garcia. Projetada pelo arquiteto francês Paul Pedarrieux, foi construída entre 1912 e 1916, sendo inaugurada em 15 de maio de 1917, para abrigar os operários que trabalhavam na Companhia Nacional de Tecidos de Juta, de propriedade do médico e empresário Jorge Street (1863-1938) – considerado um dos precursores da indústria brasileira e dos direitos sociais dos trabalhadores.
Podemos conhecer um pouco da vila operária, que era considerada um modelo para a época, através das palavras do próprio Jorge Street,
seu idealizador e construtor, num artigo por ele escrito para a Revista
Legislação do Trabalho, publicada em junho de 1937:
[...] Trabalhei sempre no número dos industriais que não se limitaram a dirigir dos seus escritórios o movimento dos seus negócios,
mas que tinham especial prazer em manter com os operários íntimo contato na sua vida de trabalho. Esse prazer aliava-se a um
sentimento íntimo e instintivo de dever, que me fazia visitar diariamente as fábricas, percorrendo todas as suas seções e assistindo mesmo muitas e muitas vezes a entrada e a saída dos operários. Tive, como é natural em tais condições, ocasião de os ver também nas suas tristes moradas. A impressão que dessas visitas trazia era desoladora, tal a promiscuidade e as condições moral e higienicamente inadmissíveis que em geral ali existiam. Nasceu daí a minha tentativa de procurar dar aos que comigo trabalhassem condições melhores de existência. [...] Resolvi pois tomar pessoalmente a direção da organização a vir e que aos meus olhos não ia constituir nenhuma obra de caridade, mas sim uma obra de justiça e de direito social.
Morada sã com bastante sol e luz e os cômodos de acordo com as necessidades das famílias operárias mais comuns. Dois, três e quatro quartos foram os tipos adotados, dando-se a eles um aspecto alegre e convidativo, construindo as casas em um só pavimento e em ruas largas, tirando assim em aparência e de fato qualquer idéia de promiscuidade.
[...]
O adulto morava com a sua gente e a sua prole, pois no sentido social a morada não deve ser unicamente um abrigo, mas deve servir para constituir um lar. Para isso, a grande preocupação é a criança [...]
Daí nasceu para mim a inevitável necessidade da creche, do jardim maternal e das escolas, inclusive as de aperfeiçoamento ou do ensino profissional.
A creche estava num edifício adequado. Possuía seis salas dormitórios com 15 leitos cada uma. [...] Estas [as crianças] nos eram entregues pelas mães ao entrarem para a fábrica, que comunicava com a vila pelos seus portões, justo em frente ao edifício da creche e do jardim maternal. [...] Recebíamos as crianças desde os primeiros dias do
nascimento até atingirem três ou quatro anos, conforme o seu desenvolvimento.[...]
As mães que trabalhavam na fábrica tinham a necessária licença para em horas adequadas irem amamentar seus filhinhos, passando com eles alguns instante, e isto sem qualquer perda ou desconto nos seus ganhos diários.[...] No mais, dormida vigiada, brinquedos das idades em áreas cobertas ou descobertas, com muita luz e sol. A hora do fechamento da fábrica estavam todos a postos, para a entrega dos que nos tinham sido confiados. Levavam as mães, quando por nós julgado necessário uma ou duas garrafinhas de leite para o alimento dos seus filhos. Aos sábados era-lhes também entregues o necessário para o domingo. Tudo era naturalmente gratuito, sem a menor remuneração por parte dos pais. [...]
No início, a Maria Zélia possuía aproximadamente 200 casas unifamiliares, higiênicas e confortáveis, com água encanada e energia elétrica. A construção era de boa qualidade (assoalho de pinho-de-riga, portas e janelas de madeira maciça). Mediam de 75 a 110 m2 e eram todas geminadas, ao redor de quarteirões, com as fachadas anteriores voltadas para as ruas principais, abrindo para as travessas somente as janelas laterais. Algumas das casas apresentavam recuos em relação ao alinhamento das calçadas, permitindo um pequeno jardim na sua frente. E se diferenciava das outras vilas, por oferecer um conjunto de serviços coletivos, que se localizavam junto de seu acesso principal, como: creche, jardim de infância, dois grupos escolares com capacidade de 400 crianças cada um, escolas profissionais, igreja, farmácia, médico, dentista, açougue, armazém, campo para jogos esportivos, uma associação recreativa e beneficente e um teatro. Havia também 14 aposentos, num edifício térreo e comprido, destinado a moradia de rapazes solteiros. O aluguel, a taxa para o uso da água e as compras do armazém e do armarinho eram descontados nos salários, mas a eletricidade era paga individualmente.
Rua 6, na Vila Maria Zélia, em 1926.
Fonte: Lembrança Villa Scarpa, 1926.
Vale ressaltar que, naquela época, as aulas eram ministradas separadamente, por sexo. Por isso a existência de dois grupos escolares (com dois pavimentos cada um): uma Escola de Meninas e uma Escola de Meninos, que mais tarde se vão transformar em Grupo Escolar Maria Zélia e Colégio Manuel da Nóbrega, respectivamente.
Para sabermos um pouco como era a vida de quem lá vivia e trabalhava, vamos utilizar o depoimento de uma antiga moradora e funcionária, a D. Deolinda, colhido pela professora Eva Blay:
Estou aqui desde 1918. Na fábrica trabalhava minha mãe e meu pai. Nós morávamos na rua 4. O aluguel era dois mil réis. Eu fui criada no grupo. Minha irmã no Jardim da Infância e a outra na creche. A mãe acabava a dieta e a criança já podia estar na creche. Ficava o dia inteiro. A mãe só vinha para amamentar. Minha mãe vinha três ou quatro vezes dar de mamar. No armazém, se comprava e descontava no pagamento. Não tinha dono, o armazém era da firma. Às vezes, depois do desconto, sobrava um pouco. Médico e remédio não pagava. Nem escola, creche, nem dentista. Aqui era a sede do clube. Faziam festa baile, vinham dançar. Tinha um bar (tem até hoje). Uma família não podia dar festa pra mocidade que trabalhava na fábrica. Se casava, não tinha festa não. Baile tinha nos sábados, domingo, num dia de festa assim [...] Só fiz o primeiro ano porque na idade de seis anos, seis e pouco, eu já comecei a trabalhar na fábrica [...].
Vista aérea do conjunto, em 1978, em direção ao sul,
tendo a igreja ao fundo. Observem as divisões das quadras e
a disposição das casas.
Fonte: Divisão de Preservação/DPH/SMC
O cotidiano da vila era permeado por um regulamento funcional: com a fixação de horários para circulação e controle de visitantes, o que demonstrava uma rígida disciplina imposta aos moradores. Mas, por outro lado, eram oferecidas atividades culturais e esportivas – peças de Moliére, concertos musicais, festas, bailes, jogos de futebol, basquete e campeonatos de bocha e de malha.
Segundo Palmira Petratti Teixeira, a Sociedade Anônima Scarpa adquiriu a fábrica e a vila operária Maria Zélia, em 1924. No álbum,
Sociedade Anônima Scarpa: lembrança do Cotonifício Scarpa e de sua organização social na Villa Scarpa, publicação de 1926, encontramos fotos e uma descrição da vila – agora com seu nome original alterado –, que manteve a mesma infra-estrutura implantada por Jorge Street. Vejamos como nos são apresentados o Jardim da Infância, o Grupo Escolar e os outros serviços:
[...] Da créche a creança após a idade de 4 annos passa para o Jardim da Infancia onde as creanças de 4 a 7 anos recebem instrucção segundo o desenvolvimento de cada uma. [...] Como a creche o predio da créche, o do jardim obedece a um plano intelligente. Occupa uma quadra inteira onde se encontram. [...] O prédio é dotado ainda de três dormitorios, com 20 leitos cada um, refectorio, copa, cozinha, appparelhos sanitarios com rigorosa hygiene e, por fim, lavanderia electrica para a quotidiana limpeza de 360 peças de roupa.[...] O “Jardim da Infancia” foi instituido sómente para as creanças, filhas dos operarios que trabalham na fabrica, quando estas não têm em casa quem tome conta das mesmas.[...]
Chegada a creança a idade de 7 annos passará para o Grupo Escolar installado num prédio com 10 salões bem illuminados, esplendidos recreios, aparelhos sanitarios, agua filtrada, mobiliario de carteiras isoladas, seguindo em tudo os mhetodos da pedagogia moderna. As creanças aprendem a ler, contar e escrever. [..]
Grupo Escolar Maria Zélia, antiga Escola das Meninas, em 1978.
Fonte: Divisão de Preservação/DPH/SMC
Funcionam 4 classes no periodo da manhã para meninos, e 4 no periodo da tarde para meninas, e 2 classes no periodo da noite para rapazes e moças operárias. [...]
O total dos alumnos que frequentam os períodos nocturnos e diurnos do Grupo é de 419, que adicionados as 56 crianças da creche e as 103 do Jardim da Infância, somam 578 filhos de operários educados gratuitamente [...]
A Companhia mantem capella, medico, pharmacia ,laboratorio, gabinete dentario, banda de musica, emporio commercia, com duas secções, fazendas e comestíveis, jardim publico, clubs e campo de futebol.
No armazém ha requisição para os operarios que alli compram generos de primeira qualidade a peso real e medidas exactas.
A capella, consagrada a S. José é simples e piedosa; prima pelo asseio. Construida em estilo gothico, possue bom mobiliario e esta provida de alfaias [...] O altar principal é de marmore [...]
Há nesta Villa Scarpa um clinico que está prompto para attender methodica e escrupulosamente os operarios necessitados em qualquer hora do dia ou da noite. [...]
Ao lado do gabinete está a pharmácia com a sua pharmaceutica e auxiliares. Ahi se aviam as receitas dos operarios a preço minimo, sendo que os remedios applicados pelo medico da casa ás crianças da creche e jardim, são distribuidos gratuitamente [...]
Existe um gabinete dentario que sob a responsabilidade de habil cirurgião, serve aos operarios... e a tabela de preço cômodo. O dentista é obrigado, pelo contracto, a tratar, gratuitamente nos casos urgentes, das creanças do Jardim e do Grupo Escolar, bem como attender as religiosas, cobrando-lhes só o correspondentes ao material empregado.
[...] laboratorio chimico onde se fabricam ampolas que são vendidas, com grande reducção de preço.
Apos o trabalho é preciso recrear o espirito. Eis porque a Companhia organisou uma boa fanfarra com trinta figuras, instrumental de primeira ordem, fardamento. Esta musica é obrigada, quinzenalmente, a dar uma retreta no pavilhão que enfeita o lindo jardim, bem como tocar nas festas religiosas e cívicas que se realizam na Villa.
Theatro – este não está concluído, funciona em um salão improvisado. [...]
Juta Belem Foot-ball Club – [...] Ha uma sociedade de foot-ball, a qual faz parte da divisão municipal, tendo o seu campo proprio. Organisam-se festas attrahentes sob rigorosa fiscalização de seus criteriosos directores. [...].”
Colégio Manuel da Nóbrega, antiga Escola de Meninos, em 1978.
Fonte: Divisão de Preservação/DPH/SMC
Scarpa fica com a vila até 1928, quando em pagamento a hipotecas vencidas passa a propriedade para o Grupo Guinle. Este retoma o nome inicial de Maria Zélia, e mais à frente vai transferi-la para o IAPI (Instituto de Aposentadoria de Pensão dos Industriários) por conta de dívidas fiscais. Posteriormente, o IAPI reuniu-se ao INPS – Instituto Nacional de Previdência Social –, hoje denominado INSS, Instituto Nacional de Seguridade Social, instituição que é a atual proprietária das construções coletivas da Maria Zélia. Uma antiga planta nos traz a informação de que em 8 de dezembro de 1932 o antigo conjunto operário era constituído de 182 casas.
Um fato interessante que ocorre entre os anos de 1936 e 1937, durante a ditadura Vargas, é o uso que se deu à fábrica, que estava
desativada desde 1931 – presídio político.
Em 1939, o IAPI vende os imóveis da parte industrial, a creche e o jardim da infância à Goodyear. A empresa demole 18 casas, parte do coreto e a creche para ampliação do edifício fabril, que passa a produzir pneus.
Os antigos operários, ou seus descendentes, ficaram morando nas casas e pagando aluguel para o IAPI, e depois para o INPS, até 1968. No ano seguinte, o INPS resolveu vender as casas através do sistema do Banco Nacional de Habitação, BNH, sendo dada preferência aos antigos inquilinos.
Grupo Escolar Maria Zélia, antiga Escola das Meninas, em 2004.
Fonte: Centro de Referência em Educação Mário Covas - CRE
A partir de 31 de outubro de 1979, ocorre a oficialização do Decreto Municipal n.16.179, que atende ao solicitado no ofício nº. 421-009.321/81, de 21 de setembro de 1979, do Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS), ou seja: “objetiva a oficialização dos logradouros existentes naquela comunidade, para final regularização da documentação dominial junto ao registro de imóveis competente, o que possibilitará a outorga de escrituras definitivas aos respectivos promitentes compradores”. Desta forma, foram nomeadas as dez ruas formadoras da vila, até então designadas por números ou letras, tornando-as logradouros públicos.
O tombamento da Maria Zélia ocorreu em dezembro de 1992. O
Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e
Turístico do Estado de São Paulo – CONDEPHAAT –, e o
Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e
Ambiental da Cidade de São Paulo – CONPRESP –, estabeleceram: “Ficam tombados como bens culturais de interesse histórico, arquitetônico e social o traçado urbano e o conjunto de imóveis situados na "Vila Maria Zélia”, no bairro do Belenzinho, na cidade de São Paulo, pela sua representatividade como vila operária do início do século, por ter sido um empreendimento pioneiro e por suas características originais”.
Colégio Manuel da Nóbrega, antiga Escola de Meninos, em 2004.
Fonte: Centro de Referência em Educação Mário Covas - CRE
Embora tombada, a antiga vila operária não escapou do lastimável quadro que ainda hoje se vê: paredes derrubadas, janelas destroçadas e muitas ruínas, como as escolas dos meninos e meninas, o armazém e a antiga sapataria – imóveis sem uso pertencentes ao INSS e nunca liberados pela instituição para algum tipo de aproveitamento. Durante muito tempo o INSS aguardou análise técnica que verificasse as reais condições das estruturas murárias, para saber das reais possibilidades de restauração dos edifícios e decidir se devia ou não se desfazer dos imóveis.
Em 24 de agosto de 2006, o Diário Oficial da Cidade anunciou que, depois de quase dois anos de negociação, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) resolveu liberar, por um período de cinco anos, seis imóveis da Vila Maria Zélia, para que fossem submetidos a projetos de revitalização e desenvolvimento de atividades, por meio de parcerias entre as Secretarias do Trabalho e da Cultura. Na ocasião, o projeto da Prefeitura de revitalização da Vila Maria Zélia incluía a restauração dos imóveis degradados e a instalação de um Centro de Capacitação Profissional em Reforma e Restauro e outro de Memória do Trabalho. Durante décadas os prédios históricos ficaram totalmente abandonados e os moradores, impossibilitados de usar as construções. Com a liberação, as antigas edificações coletivas da Vila Maria Zélia seriam transformadas em centro de capacitação profissional.
Em maio próximo passado, iniciou-se a primeira das reformas previstas – a do prédio multiuso, onde funcionavam lojas de chapéus e calçados, armazém de secos e molhados, salão de festas, sorveteria e restaurante. O DPH (Departamento do Patrimônio Histórico) informa que nesta primeira etapa ocorre uma obra preliminar, porque o prédio estava em condições periclitantes. Só depois de concluída essa etapa, que deve durar até o fim do ano de 2008, é que terá começo o restauro de fato. Além desse imóvel, outros serão recuperados, como os que abrigavam as duas escolas — uma para meninos e outra para meninas — e o açougue. Hoje há estudos para que sejam instaladas nesses imóveis escolas técnicas, como as do Centro Paula Sousa, o que ainda está em negociação com a Secretaria Municipal de Cultura.
A capela, por sua vez, está ligada à Paróquia São José do Belém. As reformas nela acontecem com a verba angariada na realização de eventos que envolvem a comunidade.
A Maria Zélia voltou a ter um
teatro – num dos armazéns da vila, em meio a uma arquibancada decorada com tecidos coloridos e luminárias, está instalado o Grupo XIX de Teatro, que até 27 de julho encena a peça
Arrufos.
Casa geminada, com fachada original preservada.
Vila Maria Zélia, em 2004.
Fonte: Centro de Referência em Educação Mário Covas - CRE
Hoje, a vila tem a maioria de suas residências originais, de um só piso, descaracterizadas ou substituídas por sobrados, mas antigamente não era assim, pois, conforme depoimento do Sr. Mário Hias, nascido na vila e filho de pais operários trabalhadores da época de Street, colhido em 1985 por Palmira Petratti Teixeira:
O que tinha aqui antigamente era que você não podia mexer nas casas. A pintura era toda igualzinha, a janela pintura igual [...], porta igual. Se pintasse de outra cor, ah! Podia contar que esse ia ser multado.
Casa tipo chalé, com fachada original preservada.
Vila Maria Zélia, em 2004.
Fonte: Centro de Referência em Educação Mário Covas - CRE
Nos dias de hoje nos deparamos com uma Vila Maria Zélia que apresenta um conjunto arquitetônico com muitas alterações internas e externas, onde convive o recente com o antigo. Mas, o mais importante é que encontramos em seus moradores verdadeiros guardiões da memória de um lugar que precisa ser salvaguardo, por registrar muito da história dos antigos trabalhadores de nossa cidade.
Vale ainda lembrar que Maria Zélia era a filha adolescente de Jorge Street e de sua esposa Zélia Frias Street. Falecida durante o período de construção do conjunto fabril, o nome da jovem foi atribuído à vila operária como forma de homenagem póstuma.
Sugestão de atividades:
Ao realizarmos a pesquisa, encontramos uma sugestão de leitura para o público infanto-juvenil, o livro
Além do Portão da Vila, onde a autora Eliana Martins conduz os leitores pelas ruas e casas da Vila Maria Zélia, descrevendo seus personagens, seu cotidiano e registrando uma parte da história de São Paulo entre as décadas de 1920 e 1950. (Edições SM, 2006, 176 páginas). O professor poderá propor que os alunos façam uma pesquisa sobre a situação política, social e econômica da cidade no período abordado pelo livro.
Também, nos deparamos com a indicação de que na vila ocorreram filmagens de comerciais, gravações de cenas de telenovelas e tomadas
de alguns filmes, como O
Corintiano, de Amácio Mazzaropi (1966), recorde de bilheteria do cinema nacional, e
No país dos
Tenentes, dirigido por João Batista de Andrade (1987) e premiado em diversas categorias no Festival de Brasília. Os alunos vão-se divertir muito com o filme de Mazzaropi e nele terão a oportunidade de observar aspectos da vila na década de 1960. Enquanto com a segunda película, tomarão conhecimento de 60 anos da vida política nacional ao longo do século XX.
Faça uma pesquisa sobre o período inicial da industrialização em São Paulo e procure levantar se ainda existem na cidade edifícios fabris fundados nas primeiras décadas do século passado. Em seguida, verifique se existiam casas ou vilas operárias nas proximidades da fábrica, quais eram as pessoas que aí viviam e como se desenrolava a vida nessa comunidade.
Proponha aos alunos uma visita a algumas vilas operárias – entre elas, a própria Vila Maria Zélia (na portaria solicitar para falar com o
Sr. Déde - Edélcio -, que ele acompanhará o grupo) – e, se possível, sugira que eles façam entrevistas com os atuais moradores.
Ana Lúcia Almeida de Oliveira Jucá
Arzelinda Maria Lopes
Bibliografia
- BLAY, Eva Alterman. Eu não tenho onde morar: vilas Operárias na Cidade de São Paulo. São Paulo: Nobel, 1985.
- MORAES, Evaristo de. “Inquérito sobre as relações industriais no Brasil ” In: LTr 42/657-42/659 – Páginas para reler, s.d.
- SCARPA, Nicolau. Lembranças da Vila Scarpa. [São Paulo: s.e.], 1926.
- TEIXEIRA, Palmira Petratti. A Fábrica do Sonho: trajetória do industrial Jorge Street. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990
- REVISTA Cidade. São Paulo, Departamento do Patrimônio Histórico, jan. 1998, ano 5, n. 5, p.140-143.
Documentação consultada
- SÃO PAULO (Cidade). Departamento do Patrimônio Histórico. Divisão de Preservação. Seção de Levantamento e Pesquisa. Pasta de recortes da Vila Maria Zélia.
Para citação adote:
JUCÁ, Ana Lúcia Almeida de Oliveira; LOPES, Arzelinda Maria. A vida numa vila operária.
INFORMATIVO ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL, 4 (19): jul/ago.2008 <http://www.arquivohistorico.sp.gov.br>