Informativo do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís - Número 21

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São Paulo, novembro/dezembro de 2008

Edifício Ramos de Azevedo: histórico

A história do Edifício Ramos de Azevedo está ligada à formação da Escola Politécnica e da própria Universidade de São Paulo. Sofre também a influência direta da criação do Campu Butantã, com o deslocamento progressivo a partir da década de 1950 da quase totalidade das faculdades localizadas na área central da cidade e bairros próximos. A partir da década de 1990, tal história está associada a uma fase de renovação do Arquivo Histórico Municipal, com a progressiva ocupação do edifício, e de parte do conjunto que o cerca, por esta instituição.

Apresentamos aqui um quadro resumo sobre parte deste assunto, que é complementado ao longo dos demais artigos.

Quadro resumo
1894	Escola Politécnica Inauguração em 15.2.1894, como resultado da lei nº.191, de 24.8.1893, que cria os cursos de Engenharia Civil, Industrial, Agrícola e curso de Artes Mecânicas, complementada pela lei nº.198, do mesmo ano, relativa ao seu regulamento. O Palacete de Fidélis Nepomuceno Prates, mais tarde conhecido como Solar do Marquês de Três Rios, construído no bairro da Luz, junto à Avenida Tiradentes será o primeiro edifício a abrigar a Escola após modificações internas realizadas por Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928), com acréscimo de pavilhões e salas para oficinas. O solar, construção neoclássica de tijolos destinada originalmente a residência, erguido entre 1857 e c.1860, será demolido em 1929, depois de atingido por bombardeamento durante a Revolução de 1924.

1899	Edifício Paula Souza Com a inauguração, em janeiro de 1899, da construção atualmente conhecida como Edifício Paula Souza, primeira a ser especialmente projetada para ocupação da Escola Politécnica, expande-se o conjunto que a abrigará ao longo da primeira metade do século XX. As construções estão localizadas num quadrilátero situado na Avenida Tiradentes, junto a então Praça Visconde de Congonhas do Campo, atual Fernando Prestes, delimitado esse quadrilátero ainda pelas Ruas Afonso Pena e Bandeirantes, ocupando quase 3/4 da quadra. O Edifício Paula Souza, projeto do escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, possuia anexos dois pavilhões térreos. À esquerda, um pavilhão com três salas para instalações do gabinete de resistência dos materiais (depois, em 1925, transformado em Laboratório de Ensaio de Materiais, que daria origem em 1934 ao IPT). Foi demolido em 1938, para construção da sede do IPT-Instituto de Pesquisas Tecnológicas. À direita, pavilhão com oficina de carpintaria, oficina para trabalho em ferro e outros metais, e por último o Colégio Universitário. Foi demolido em 1944 para dar lugar no ano seguinte ao Edifício Rodolpho Batista de São Tiago, projetado por José Maria da Silva Neves, concentrando então as atividades de ensino.

Fachada do Edifício Paula Souza, em sua primeira versão sem pavimento adicional. ([s.d.])

Acervo AHMWL/DPH/SMC/PMSP


1903	Grêmio Politécnico Fundação do Grêmio, que ocupará diversas instalações no conjunto mencionado. Uma delas, seria o galpão anexo junto ao Edifício Ramos Azevedo, na esquina com a Rua Afonso Pena.

1908	Exposição Nacional de 1908 (Rio de Janeiro) Expostos álbum de fotos e plantas do Edifício Paula Souza, em conjunto com as plantas do prédio atualmente denominado Edifício Ramos de Azevedo, destinado ao Laboratório de Mecânica e Eletrotécnica; ambas as construções foram projetadas pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo.

Estudo para Edifício Ramos de Azevedo ([s.d.]) com dois pavimentos. Escala 1:100
Observe-se no frontão o dístico: "Electricidade e Mechanica". Note-se ainda o elaborado portão metálico e as esculturas na fachada, itens ausentes na obra final.

Acervo AHMWL/DPH/SMC/PMSP

Detalhe de estudo para grade do muro externo do conjunto ocupado pela Escola Politécnica, ([s.d.])

Acervo AHMWL/DPH/SMC/PMSP


1912	Gabinete de Eletrotécnica da Escola Politécnica Organização do gabinete, que será transformado em 1926 no Laboratório de Máquinas e Eletrotécnica e, sucessivamente, em 1941, no Instituto de Eletrotécnica, anexo à Escola Politécnica.

1920	Edifício Ramos de Azevedo Gabinete de Eletrotécnica Inauguração em 17.4.1920 da construção atualmente denominada Edifício Ramos de Azevedo, atendendo à necessidade expressa já no Relatório de 1900 da Escola Politécnica, enviado pelo seu Diretor Antonio Francisco de Paula Sousa ao Secretário de Estado dos Negócios do Interior, Senhor Bento Pereira Bueno. Do CORREIO PAULISTANO, de 18 de abril de 1920, página 1: O novo prédio, que fica à rua Três Rios, próximo ao edifício da Avenida Tiradentes, onde funcionam os demais cursos politécnicos, foi iniciado sob a orientação do Doutor Francisco de Paula Rodrigues Alves, quando Presidente do Estado, sendo seu Secretário do Interior o Doutor Altino Arantes. É uma casa ampla e rigorosamente acabada, elegante o quanto permite o fim que lhe destina, de andar superior, térreo e porão, com jardim a frente e amplo páteo nos fundos. O porão comunica com o andar térreo por um salão central destinado à galeria de máquinas fartamente aclareado, e destina-se assim como os outros compartimentos do primeiro andar à instalação de aparelhos mecânicos e elétricos. O andar térreo e o superior estão destinados, distintamente para salas de aula, instalação sanitária, sala de reuniões e conferências, Grêmio Politécnico, etc. Passando depois ao anfiteatro, lindamente ornamentado com flores naturais, deu-se o começo a sessão solene inaugural que foi presidida pelo Dr. Altino Arantes. Abrindo a sessão o Dr. Ramos de Azevedo, diretor da Escola Politécnica deu a palavra ao Dr. Francisco Pereira Ramos que em nome da Congregação leu o discurso sobre a influência do ensino técnico no progresso de um povo. (HASKEL, 1998) O discurso de Francisco Ramos está transcrito em: Influência do ensino técnico no progresso de um povo. O ESTADO DE S.PAULO, 19 de abril de 1920, p.3. O longo período entre o projeto e sua execução é em parte explicado por atrasos na instalação do curso de engenheiros eletricistas, criado em 1907. O governo estadual submeteu a análise da lei de criação ao Congresso do Estado, e enquanto isso, foi sustada a construção do edifício, como indica o Relatório da Secretaria de Estado dos Negócios do Interior ao Presidente do Estado, do biênio 1908-1909. O respectivo relatório para o ano de 1914 indica a continuidade das obras, mas haverá paralisações nos anos seguintes. Ao longo da década seguinte é erguido, na esquina da atual Praça Coronel Fernando Prestes e Rua Afonso Pena, um galpão, ocupado então pelo Laboratório de Hidromecânica (1926). Desde 1948 é utilizado pelo Curso Politécnico, ensino preparatório para os concursos de acesso, atividade que perdura até à década de 1980 . A edificação ainda permanece no local, sendo restaurada em 2007-2008, passando a integrar as instalações do Arquivo Histórico Municipal.

Planta do conjunto da Escola Politécnica, 1930.

Acervo STPRC/DP/DPH/SMC/PMSP (reprodução)

A partir da esquerda, os edifícios:

Gabinete de Máquinas, ocupando galpão anexo do Edifício Ramos de Azevedo
Edifício Ramos de Azevedo (1920) - Eletrotécnica
Gabinete de Resistência - pavilhão esquerdo do Edifício Paula Souza
Edifício Paula Souza (1899)
Oficinas e outros

Edifício Ramos de Azevedo, projeto de ajardinamento, sd

"Projeto de ajardinamento" para a área ao redor do Edifício Ramos de Azevedo. ([s.d.])
Observe-se a inexistência ainda do galpão anexo, à esquerda, na esquina com a Rua Afonso Pena, cujo restauro foi finalizado em 2009.

Acervo AHMWL/DPH/SMC/PMSP


1924	Gabinete de Eletrotécnica Edifício Ramos de Azevedo É transferida para o Edifício Ramos a biblioteca instalada no antigo Solar do Marquês de Três Rios, danificado durante combates da Revolução de 1924.

1926	Laboratório de Máquinas e Eletrotécnica Organizado a partir do Gabinete de Eletrotécnica.

1930	Edifício Ramos de Azevedo Modificações na edificação são introduzidas na segunda metade da década de 1920, entre elas a construção de uma cabine para projetor de cinema no auditório. Prancha arquitetônica datada de 1925 registra o projeto do escritório Ramos de Azevedo para este acréscimo, construção que é confirmada em plantas da década seguinte. A cabine será demolida em data ignorada. Na primeira intervenção de restauro da edificação no início da década de 1990, a cabine será recomposta, adotando-se um projeto diferenciado com estrutura de aço e alvenaria de tijolo. Sem uso ao longo do período seguinte, a cabine será novamente eliminada na segunda intervenção ao final da década de 2000. Várias intervenções serão motivadas pela instalação de equipamentos pesados e adaptações que incidirão em transformações arquitetônicas, a exemplo do rebaixamento de piso em dois ambientes, fechamento de vãos originais e pequenas demolições no andar inferior do prédio, descaracterização de pisos de salas de aula e laboratório central no andar térreo, demolição de duas paredes e eliminação de um banheiro além do fechamento de varandas no pavimento superior (2006, EDITAL, Pesquisa Histórica, f.339).

Prancha de arquitetura apresentando anexo edificado na parte posterior do auditório para abrigar equipamento de projeção de cinema, para uso da Escola Politécnica. 1925.
Elevação, corte e planta, escala 1:50.

Acervo AHMWL/DPH/SMC/PMSP


1934	Escola Politécnica e Universidade de São Paulo Criação da Universidade de São Paulo, incorporando a Escola Politécnica.

1935	Arquivo Histórico Municipal Administração Fábio Prado (1934-1938) Criação do Departamento de Cultura através do Ato nº. 861, de 30.5.1935, incluindo entre suas unidades uma delas com atribuições de arquivo público sob a denominação de Divisão Histórica e Social, incorporando funções estabelecidas desde 1907. A nova unidade passa a custodiar o acervo do Serviço de Documentos Antigos, integrante até então do Departamento do Expediente e do Pessoal. O Arquivo Histórico Municipal passará nos próximos anos por diferentes estágios hierárquicos até integrar em 1975 a recém-criada Secretaria Municipal de Cultura (Lei nº. 8.204, 13.1.1975) como Divisão de Arquivo Histórico, subordinada ao Departamento de Patrimônio Artístico-Cultural, no mesmo ano renomeado Departamento do Patrimônio Histórico. Ao longo desse processo, serão consolidadas lentamente suas atribuições, em parte definidas no Ato de 1935: recolhimento, conservação e difusão do acervo documental de valor histórico da municipalidade de São Paulo. Em 1969, a instituição receberá a denominação Arquivo Histórico Washington Luís, alterado no ano seguinte para a atual: Arquivo Histórico Municipal Washington Luís (Decreto nº. 8.459, de 18.10.1969; Decreto nº. 8.619, de 20.1.1970). Tal gesto constitui justa homenagem ao político e historiador Washington Luis Pereira de Sousa (1869-1957), prefeito da cidade no período 1914-1918, por suas ações no campo da memória paulistana. Entre elas, com destaque, a decisão de mandar publicar as Atas das Câmaras de Santo André e de São Paulo e o Registro Geral da Câmara de São Paulo a partir do ano de 1555.

1938	IPT-Instituto de Pesquisas Tecnológicas Construção do novo prédio - Edifício Hipólito Pujol - no local ocupado pelo pavilhão esquerdo do Edifício Paula Souza, onde funcionava o Gabinete de Resistência/ Laboratório de Ensaio de Materiais.

Detalhe do conjunto, em 1930, destacando à esquerda, entre os edifícios Ramos de Azevedo e Paula Souza, local que seria ocupado ao final da década pelo prédio do IPT.

Acervo STPRC/DP/DPH/SMC/PMSP (reprodução)


1941-1946	Instituto de Eletrotécnica (atual Instituto de Eletrotécnica e Energia) Sucede o Laboratório de Máquinas e Eletroténica, primeiro como instituto anexo à Escola Politécnica, e posteriormente como instituto da USP.

1944	Pavilhão direito - Edifício Paula Souza Demolido para dar lugar ao edifício Rodolpho Batista Camargo. Lançamento da pedra fundamental das primeiras instalações da Escola Politécnica no campus Pinheiros, a Cidade Universitária.

Estudo para pavilhão anexo ao Edifício Paula Souza ([s.d.]).

Acervo AHMWL/DPH/SMC/PMSP


1949	Casa do Politécnico - CADOPO Projeto do edifício à Rua Afonso Pena pelo engenheiro-arquiteto Miguel Badra Junior (1919-...). Uso misto — instalações do Grêmio e residência universitária.

1952	Instituto de Eletrotécnica Lançamento da pedra fundamental do Pavilhão das Máquinas na Cidade Universitária.

1956-1957	Casa do Politécnico - CADOPO Inauguração em 1957, após obras de adaptação a normas de segurança (1956).

1966	Instituto de Eletrotécnica Ganha a condição de Instituto Universitário, perdendo seu vínculo com a Escola Politécnica.

1973	Cidade Universitária Finalizado o processo de transferência da Escola Politécnica para a Cidade Universitária. O Instituto de Eletrotécnica, já como instituto da USP, mantém parte de suas atividades no Edifício Ramos de Azevedo. O remanescente do conjunto ocupado inicialmente pela Escola Politécnica, no bairro da Luz, sediará nos anos seguintes o Centro Paula Souza. Criado em 1969, constitui-se como uma rede estadual voltada para a educação tecnológica, integrado por escolas técnicas e faculdades de tecnologia.

1979	Paço da Memória de São Paulo Proposta de criação de uma unidade especial para acervos da Prefeitura, além de acervos de origem diversa, é detalhada em projeto pelo arquiteto Murillo Marx, diretor do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH-USP).

1986	Arquivo Histórico Municipal Administração Jânio Quadros (1986-1988) Memo JQ/21.8.1986 - estabelece que seja definida uma nova sede para o Arquivo frente à precariedade das instalações na Chácara Lane, situada na Rua da Consolação, n.º1024. O Arquivo estava aqui sediado desde meados da década de 1950, depois de longo percurso por instalações provisórias. Criação de Grupo de Trabalho para análise do tema conforme Portaria 859/86 de SMC-Secretaria Municipal de Cultura, publicada em: DOM, 21.10.1986, atuando no período 1986-1987. As condições de guarda do acervo decaem continuamente nos últimos anos. Além disso, a falta de espaço impede não só a expansão da documentação custodiada, então restrita até o ano de 1906, mas o efetivo tratamento técnico e disponibilização para o público.

1987	Edifício Ramos de Azevedo Administração Jânio Quadros (1986-1988) Lei n.º 10.331, de 19.6.1987 (DOM, 20.06.87), autoriza a compra do Edifício Ramos, sem definir uso, embora restrito a atividades culturais. O artigo 4, destinando a ocupação ao Arquivo Histório Municipal, é vetado pelo prefeito. O documento Compromisso de Compra e Venda é assinado em 29.9.1987 pelo prefeito Jânio Quadros e pelo reitor José Goldemberg. Inclui à folha 7 a claúsula definida pela universidade estabelecendo uso restritivo do imóvel: CLÁUSULA SEGUNDA – Sobre a edificação principal descrita, pesam restrições, uma de PRESERVAÇÃO TOTAL, interna e externa como zona Z-8.200, impedindo alterações no conjunto edificado sem autorização expressa da Divisão de Preservação do Patrimônio Histórico (...), da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo; outra decorrente de estudos na área do bairro [da Luz] tendo em vista processo de tombamento pelo Condephaat e ainda o que foi estabelecido em Sessão do C. Conselho Universitário, de 16.12.86 e destinada à aprovação da venda ora compromissada, reservando a utilização do edifício para fins culturais e respeitada a individualidade do prédio, restrições essas já do conhecimento da compradora e que deverão integrar a escritura de transmissão de domínio a ser lavrada [em] cumprimento deste compromisso. Pinacoteca Municipal Administração Jânio Quadros (1986-1988) Estudos para ocupação do Edifício Ramos de Azevedo pela Pinacoteca Municipal, conforme memorando JQ-3677/87, de 28.10.1987, que determina a destinação do local para essa função e a transferência do Arquivo Histórico para dependências do Centro Cultural São Paulo. A decisão acaba gerando avaliações de novos locais para sediar o AHMWL entre eles o Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro) já mencionado, mas ainda, no ano seguinte, sob nova administração municipal: a Casa das Retortas (Rua da Figueira) e a Galeria Prestes Maia (Praça do Patriarca).

1988	Pinacoteca Municipal Administração Jânio Quadros (1986-1988) Embora a orientação do senhor prefeito destinando o Edifício Ramos à futura pinacoteca tenha gerado um primeiro relatório no mês de novembro, o encaminhamento não teve continuidade como indica o memorando JQ 4.983/88, de 5.9.1988, do prefeito para o Secretário de Cultura Renato Ferrari: Já determinei a instalação da Pinacoteca em prédio que adquirimos da Universidade; Existem lá máquinas que devem ser retiradas, de pronto; As reformas, eventualmente necessárias, serão sumaríssimas; Todas as telas do Patrimônio Municipal, serão reunidas nessa Pinacoteca e catalogadas. Sabemos que várias já desapareceram. (texto integral) Com a mudança de administração municipal, o projeto da Pinacoteca toma outros rumos. O Centro Cultural São Paulo irá responder pela estruturação e gerenciamento do acervo na década seguinte. Em meados da década de 2000, o conjunto de obras ganhará nova denominação: Coleção de Arte da Cidade. Instituto de Eletrotécnica e Energia Mudança e desocupação das instalações no segundo semestre de 1988. Edifício Ramos de Azevedo Obras emergenciais na cobertura da edificação realizadas no período 1988-1989 com patrocínio do Banco Itaú.

1989	Casa da Memória Paulistana Administração Luiza Erundina (1989-1992) Início dos estudos para criação da Casa da Memória Paulistana, reunindo no Edifício Ramos de Azevedo os acervos documentais do AHMWL e o acervo iconográfico da Divisão de Iconografia (DPH/SMC). A instituição incluirá ainda o Centro de Referências da Cidade de São Paulo e o Centro de Conservação e Restauro. Desde os primeiros estudos, delineIam-se eixos claros voltados para uma revisão das ações municipais dirigidas a acervos: O conjunto designado 'Casa da Memória' surge da necessidade – que no decorrer dos últimos anos vem se acentuando enormemente – de uma racionalização da captação, processamento, guarda e veiculação, de modo científico e dinâmico dos 'bens histórico-culturais' sob a tutela da Municipalidade. (COUTO, 1989).

1990	Arquivo Histórico Municipal Administração Luiza Erundina (1989-1992) interdição pelo CONTRU em 11.1.1990 da Chácara Lane, sede do Arquivo, à Rua da Consolação, n.º 1024; transferência do AHMWL para a Casa n.º 1, na Rua Roberto Simonsen. n.º 136A, com reabertura ao público em 12.11.1990, ocupando área similar, enquanto aguarda o restauro do Edifício Ramos de Azevedo. No entanto, a Seção de Restauração e Encadernação, por falta de espaço nesta sede provisória, ficará abrigada nos baixos do Viaduto do Chá, ao lado do Museu do Teatro Municipal. Em 1999, será um dos primeiros setores a ocupar o Edifício Ramos de Azevedo graças ao apoio da Fapesp para sua estruturação como laboratório de restauro. Edifício Ramos de Azevedo Finalizado em 1990 o projeto de restauro e adaptação do prédio para sediar a Casa da Memória Paulistana, têm início as obras, que se estenderão até o final da administração, sendo paralisadas em maio de 1993 com 80% dos itens concluídos. A intervenção ficará incompleta sem a recuperação das fachadas e a instalação plena do sistema de ar condicionado para as áreas de guarda, entre os principais pontos, além das obras do galpão anexo na esquina da Rua Afonso Pena.

1992	Casa da Memória Paulistana Administração Luiza Erundina (1989-1992) Decreto n.º 32.900, de 28.12.1992 (DOM, 29.12.92), cria a Casa da Memória Paulistana, a ser instalada no Edifício Ramos de Azevedo. Portaria n.º 1.032, de 29.12.1992 (DOM, 30.12.92), dispõe sobre a organização da Casa da Memória Paulistana, reafirmando a ocupação do Edifício Ramos. Este ato legal será revogado em janeiro seguinte com a mudança de administração municipal (cf. DOM, 7.1.1993).

1993	Edifício Ramos de Azevedo Administração Paulo Maluf (1993-1996) Portaria n.º63, de 11.2.1993, estabelece comissão mista com servidores municipais e representantes da USP, Unicamp e UNESP para no prazo de 30 dias "sugerir alternativas de aproveitamento e ocupação do Edifício Ramos de Azevedo, compatíveis com os objetivos de sua aquisição pela Prefeitura do Município de São Paulo, e adequadas às atividades desenvolvidas pelo Departamento do Patrimônio Histórico e às necessidades da Secretaria Municipal de Cultura." (DOM, 12.2.1993, p.-) Entre outras medidas a comissão sugere a ocupação do Edifício pelo Arquivo Histórico Municipal, estudos que viabilizem a aquisição do edifício da Casa do Politécnico-CADOPO e o aprofundamento das discussões sobre a criação do Sistema Municipal de Arquivos (cf. documento datilografado, sem número, de 8.3.1993, assinado pelo coordenador Manoel Lelo Belotto, relatório aprovado pelo Secretário Municipal de Cultura, conforme publicado em DOM, 28.4.1993).

1996- 1999	Edifício Ramos de Azevedo Administração Paulo Maluf (1993-1996) Transferência para o local do gabinete do DPH-Departamento do Patrimônio Histórico e da Divisão de Preservação (SMC/PMSP). No segundo semestre de 1996, o edifício recebe as primeiras unidades do Arquivo Histórico Municipal. O processo de mudança do Arquivo encerra-se em 1999 com a transferência do acervo e demais setores.

2003	Edifício Ramos de Azevedo Administração Marta Suplicy (2001-2004) O gabinete do DPH-Departamento do Patrimônio Histórico e a Divisão de Preservação são transferidos para o Largo do Paiçandu (prédio da Galeria Olido), ficando o Edifício Ramos ocupado unicamente pelo Arquivo Histórico Municipal.

2005	Edifício Ramos de Azevedo Administração Gilberto Kassab (2006-2008) Após laudo do IPT, salas do segundo piso, na face leste, são interditadas por problemas na cobertura gerados por cupins e calhas deterioradas.

2006	Edifício Ramos de Azevedo Administração Gilberto Kassab (2006-2008) Obras emergenciais da cobertura e substituição do piso do subsolo (2006-2007) instalado na intervenção realizada no início da década de 1990. Arquivo Histórico Municipal Estudo alternativo para nova sede do Arquivo em imóvel ocupado pela Garagem Municipal, à Rua Afonso Penna, bairro da Luz (maio de 2006). Anteprojeto desenvolvido pela Seção Técnica de Projetos, Restauro e Conservação, da Divisão de Preservação (DPH/SMC/PMSP). Proposta abandonada após a cessão de parte do terreno ao Governo Estadual e conseqüente retomada das obras de restauro do Edifício Ramos e anexo, bem como pelas perspectivas de desapropriação da Casa do Politécnico (veja abaixo). Praça Coronel Fernando Prestes Recuperação da praça fronteiriça ao Edifício Ramos, antiga Praça Visconde de Congonhas, através de parceria PMSP/Programa Monumenta/BID Casa do Politécnico-CADOPO Decreto municipal torna a área de utilidade pública, primeiro passo para desapropriação (Decreto n.º 48.021, de 19.12.2006).

Fachada do Edifício Ramos de Azevedo em 2005, antes do início das obras de restauro (2ª intervenção).

Acervo DPH/SMC/PMSP


2007	Edifício Ramos de Azevedo Administração Gilberto Kassab (2006-2008) Início do segundo restauro da edificação através de parceria PMSP/Programa Monumenta/BID. Obras contemplam a recuperação das fachadas, itens não finalizados na intervenção anterior, o restauro do galpão anexo e recuperação dos vitrais. O galpão será destinado à primeira fase de expansão da área de guarda do AHMWL, que prevê o recebimento de documentos do período 1922-1935 até o momento custodiados pelo Arquivo Geral de Processos (Piqueri).

2008	Casa do Politécnico - CADOPO O edifício é incorporado ao patrimônio municipal, tendo uso destinado à segunda fase de expansão do Arquivo Histórico Municipal. Edifício Ramos de Azevedo Abriga temporariamente a diretoria e alguns setores da Divisão de Iconografia (DPH/SMC) durante reforma do Solar da Marquesa, sito na Rua Roberto Simonsen.

2009	Edifício Ramos de Azevedo e Anexo Entrega das obras de restauro das fachadas do Edifício Ramos e do galpão anexo, destinado à expansão da área de guarda do AHMWL.

BIBLIOGRAFIA

Documentação

COUTO, Edgard Tadeu Dias do; ELIAS, Eduardo de Oliveira. Memória paulistana: acervos e pesquisas: elementos para uma redefinição de programas. São Paulo: PMSP, SMC/DPH/Seção Técnica de Programas de Revitalização, jun.1989. datilografado. 27f.
EMURB. Edital de tomada de preços n.000960200. São Paulo: EMURB, 2006.

Em especial, segmento Pesquisa Histórica (ff.331-345), texto elaborado em 1990 pelas historiadoras Maria Candelária Volponi de Moraes e Sílvia Haskel (STLP/DPH/SMC/PMSP).
PMSP. Projeto de restauro e reforma 'EDIFÍCIO RAMOS DE AZEVEDO': I etapa. São Paulo: PMSP/SMC/DPH/Divisão de Preservação/ Seção Técnica de Projetos, Restauro e Conservação, [1989].

Veja documentação consultada - segmento Histórico - pdf.
Projeto A Casa da Memória Paulistana. São Paulo: DPH, set.1990. 23f.

Veja também
TAMBELLINI, Pedro José (org.). Causos da Casa do Politécnico: contados por ex-moradores. [s.l.]: Editora Janela da Palavra, 2013.

Internet

Escola Politécnica - História. São Paulo: EPUSP, [s.d.]
http://www.poli.usp.br/Organizacao/Historia/ (consulta em: 01.2009)

Teses

CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o Império: aspectos da formação da cultura burguesa em São Paulo. 1997. 4 v. Tese (doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – USP.v.4.

Artigos e matérias jornalísticas

ordem cronológica

Casa do Estudante Politécnico. REVISTA POLITÉCNICA, 45 (155): 70-71, out.1949.
A casa do Politécnico. REVISTA POLITÉCNICA, 46 (158): 25-31, set/out.1950.
ALVES, Helle, HUI, Heitor. Um museu escondido conta toda a história da cidade. DIÁRIO DA NOITE, 11.3.1966, p.-.
FERREIRA, Barros. Coisas que o ouro não pode comprar enchem o arquivo histórico paulistano. DIÁRIO POPULAR, 25.1.1972, p.-.
Quatro séculos da história paulistana. DIÁRIO POPULAR, 5.1.1977, p.-.
GUARNIERI, Alice Camargo. Notas sobre o mofo nos livros e papéis. São Paulo: Secretária da Indústria, Comércio, Ciência, 1981. Coleção 'Museus & Técnicas'. Projeto Museu da Indústria.
[Anais da Câmara Municipal]. DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÍPIO, 32 (109): 47-48, 12.6.1987 (discussão da lei nº 113/87, do Executivo, promulgada como lei nº 10.331
Prefeitura comprará a Politécnica. O ESTADO DE S. PAULO, 13.6.1987, p.-.
Prefeitura compra prédio da USP para abrigar arquivo. FOLHA DE S. PAULO, 23.6.1987, p.50.
A memória de S. Paulo. Abandonada e sob risco. OESP, 1.7.1987, p.-.
Faltas de verbas e pessoal.../ A memória da cidade não vai além de 1906. SHOPPING NEWS, 23.08.1987, p.-.
CARRASCO, Walcir. Etc/Papéis precários. O ESTADO DE S. PAULO, 23.9.1987, caderno 2, p.-.
Prefeitura poderá instalar arquivo na Politécnica. DIÁRIO POPULAR, 4.10.1987, p.-.
Pinacoteca ocupará a velha Poli. O ESTADO DE S. PAULO, 30.10.1987, cidade, p.11.
Arquivos, uma arma para recuperar a História. JORNAL DA TARDE, 24.11.1987, p.-.
BARROS, Fernando Lichti. Arquivo vai para a Casa das Retortas. O ESTADO DE S. PAULO, 14.4.1988, p.64.
O Arquivo Municipal. O ESTADO DE S. PAULO, 19.4.1988, p.-.
Cidade vai recuperar o 'Ramos de Azevedo'. DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÍPIO, 11.11.1988, p.-.
Termo de compromisso 13/SAR/88. DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÍPIO, 33 (217): n.p., 22.11.1988.
Arquivo estampa seus cupins. O ESTADO DE S. PAULO, 27.6.1989, p.-.
Cupins conspiradores. O ESTADO DE S. PAULO, 28.6.1989, p.-.
RISTOW, Jô. Arquivo Histórico terá novo prédio. FOLHA DE S. PAULO, 3.7.1989, show, p.23.
Erundina verifica o baixo nível dos prédios municipais. DIÁRIO POPULAR, 11.7.1989, p.-.
Mudança dentro de quatro meses. FOLHA DE S. PAULO, 11.7.1989, p.-.
No papel/As surpresas encontradas nos arquivos da cidade. VEJA SÃO PAULO, 22 (17): 34-35, 12.7.1989.
DUÓ, Eduardo. Falta de segurança causa interdição do Arquivo. FOLHA DE S. PAULO, 13.1.1990, ilustrada, p.-.
Arquivo Municipal muda para o Centro. O ESTADO DE S. PAULO, 23.1.1990, p.-.
Prédio restaurado abrigará arquivos. O ESTADO DE S. PAULO, 17.3.1990, p.15.
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