Sua presença no período, embora ocupando níveis hierárquicos de pouco destaque, pôde ser notada no desenvolvimento do projeto Inventário dos espaços de sociabilidade
cinematográfica na cidade de São Paulo, desenvolvido por José Inácio de Melo Souza em seu pós-doutorado realizado no AHSP com apoio do CNPq. O projeto resultou na exposição
Salas de cinema em São Paulo: 1896-1929 (Galeria Olido, 2012) e na respectiva base de dados, ambas disponíveis . Sá Rocha destaca-se já no início da década de 1910 na fiscalização das primeiras salas de exibição.
Crítico, dedicado ao seu serviço, o fiscal enfrenta as dificuldades da inexistência de legislação normativa para construção dessas edificações.
Faltam normas que conciliem a operação das salas com a segurança do espectador, dos operadores... Estabelece-se uma nova prática comercial, atraindo grande volume de público,
sob condições de segurança e higiene precárias.
Nesse cotidiano do exercício da fiscalização técnica, Sá Rocha acaba por reunir um conhecimento que levará a delinear a primeira legislação do município voltada
à normatização das construções destinadas à salas de cinema, cuja explosão inicial gerara um conjunto impressionante de adaptações e improvisações.
A partir desse contexto, José Inácio de Melo Souza traça a trajetória pessoal do engenheiro, em paralelo à constituição de um corpo técnico para gestão da cidade num dos
segmentos mais visíveis de sua fisicalidade: seus edifícios. O presente ensaio visa analisar o campo da engenharia paulistana e, em particular, a ação do engenheiro
Sá Rocha, apoiando-se na documentação acumulada pelo Arquivo Histórico de São Paulo, relativa ao período entre 1906 e 1923. Para isso, além dos processos relativos a
cinematógrafos são analisados três logradouros, que integram o seu distrito de atuação, duas ruas do Brás e uma da Mooca para compor a amostragem. Incluem-se outras
vias, quando localizadas nas mesmas caixas de arquivamento e outras séries documentais quando necessárias.
O ensaio constitui assim uma contribuição à parca produção historiográfica brasileira que se dedica à análise do papel dos servidores de nível médio e a constituição
da própria estrutura da administração pública nos séculos XIX e XX.
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