CARTA DA CAPITAL DE SÃO PAULO
O Exmo Snr Barão de Caxias mandou
Executar pelo Engenheiro da Columna
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José Jacques da Costa Ourique
Fortificador da Capital
- Acima do título: Anno de 1842
- Petipé de 200 braças
- Dimensões da cópia do Museu Paulista: 648 x 877 mm
- Deteriorada nas bordas, perdas na parte superior à direita e na borda inferior. Documento muito escurecido pela acidificação do suporte.
- Técnica da cópia: nanquim e ecoline sobre papel translúcido (vegetal).
- Original pertencente ao Arquivo Histórico do Exército, Rio de Janeiro
- Reprodução a partir da versão publicada pela Comissão do IV Centenário, em 1954
ANÁLISE
Esta planta tem a peculiaridade de ter sido criada para orientar a fortificação da cidade de São Paulo durante a revolução de 1842. Sob a iminente ameaça de ser invadida pela Coluna Libertadora, formada pelos liberais revoltosos liderados pelo brigadeiro Tobias de Aguiar, as forças imperiais trataram de construir o mais rápido possível estratégicas barreiras em torno da capital paulista.
A fatura do mapa ficou a cargo de um militar carioca, o 1° tenente de Engenheiros José Jacques da Costa Ourique. Recentemente vindo da Corte, com a morte do marechal Daniel Pedro Müller, ocorrida em 1841, Ourique assumiu a direção do Gabinete Topográfico, primeira tentativa de organização do serviço de estradas provinciais paulistas. E como havia anexa ao Gabinete uma escola de engenheiros práticos, posta a funcionar por Müller entre 1836 e 1838, foi ela de novo ativada por Ourique em 1842, a partir de então seu novo diretor.
As circunstâncias sob as quais foi executada esta planta permitem-nos datá-la com precisão. Como o nomeado comandante do Exército Pacificador da Província de São Paulo, Barão de Caxias, chegou à Capital em 22 de maio de 1842, provém seguramente dos dias imediatamente subseqüentes a realização dessa peça gráfica castrametadora. Decerto, para cumprimento da tarefa urgente o autor teve de se basear em planta já executada, provavelmente usou a de Bresser, datada entre 1840 e 1841 (Planta n. 3), como argumenta o Prof. Nestor (op. cit.).
Observando-a com atenção, podemos nos inteirar das propostas de Ourique para a proteção da Capital: caixões de madeira e terra, que deveriam ser instalados em determinados pontos; fortificação contínua a contornar a área mais urbanizada da cidade e posições em que deveriam ser assentadas peças de artilharia, voltadas, sobretudo, para a saída de Santos. Outro local bastante protegido por peças de artilharia era a Ponte de Pinheiros (logicamente não mostrada na planta). De fato, foi pela estrada de Sorocaba que chegaram os rebelados, que depois de dias de mútua observação acabaram dispersos com facilidade pelas forças legalistas. Os homens do brigadeiro Tobias acamparam na região da USP, enquanto as forças legalistas fixaram-se na altura da Praça Panamericana,
segundo recente artigo de jornal de autoria do sociólogo e professor José de Souza Martins.
No mais, o mapa repete as informações constantes nas plantas ns. 2 e 3. Há projeções horizontais de construções (a planta de Bresser de 1840/1841, na qual esta parece se basear, deveria ser cadastral, não fora completada). E como novidade, assinala o lugar da forca, tradicionalmente levantada no largo depois conhecido como da Liberdade.