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PMSP/SMC/DPH
São Paulo, setembro/outubro de 2008
Ano 4 N.20 

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  • 1881

  • PLANTA N. 9

    PLANTA DA CIDADE DE SÃO PAULO

    PLANTA DA CIDADE DE SÃO PAULO,1881
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    PLANTA DA CIDADE DE SÃO PAULO
    LEVANTADA PELA
    COMPANHIA CANTAREIRA E ESGOTOS
    HENRY B. JOYNER M.I.C.E.
    ENGENHEIRO EM CHEFE
    • Abaixo do petipé: 1881
    • Ao pé da planta, à direita: Copia de Domingues dos Santos
    • Petipé de 1000 metros
    • Dimensões da cópia do Museu Paulista: 1000 x 870 mm (sem moldura)
    • Documento em processo restauração (2006)
    • Técnica da cópia: nanquim sobre papel translúcido (vegetal)
    • Cópia pertencente ao Museu Paulista-USP executada a partir de um exemplar impresso, hoje bastante danificado, que se encontra no Arquivo Público do Estado de São Paulo (informação colhida em artigo nos Anais do Museu Paulista, n. junho/dez.2005). Há um exemplar impresso de 1881 ainda em condições de legibilidade no Instituto de Geografia e Cartografia, IGC, de São Paulo.
      Atualmente online: <http://sempla.prefeitura.sp.gov.br/historico>
    • Reprodução a partir da versão publicada pela Comissão do IV Centenário, em 1954


    ANÁLISE

    Diferentemente da Planta n.8, a que vemos aqui abarca a total área urbanizada da cidade. Seus limites são: ao norte, a Ponte Grande; ao sul, a Rua Lavapés, antigo caminho do Mar (a Casa da Pólvora foi removida em 1872 para permitir a expansão da cidade nessa direção); a leste, a Praça da Concórdia, na Freguesia do Brás, em torno da qual havia um arruamento ainda não ocupado, e a oeste, o Largo do Arouche, ainda dividido pelo Córrego do Arouche, ou do Carvalho, que corria em direção ao Tietê, e o Reservatório da Companhia Cantareira e Esgotos (1878-1881), localizado na antiga Chácara do Capão, como vimos na análise da Planta n. 7.

    A planta original, da qual esta é uma cópia, foi organizada para o serviço de água e esgoto, sob a supervisão do engenheiro-chefe da Companhia Cantareira Henry Batson Joyner, membro do Instituto de Engenheiros Civis inglês (o que explica a abreviatura M. I. C. E. após seu nome no título da planta). Em 7 de março de 1881, um vereador indicou à Câmara que solicitasse da empresa cópia desse documento gráfico para que fosse realizado a partir dela um trabalho de complementação de dados que interessava à Municipalidade. Como a Câmara não conseguia mandar realizar a tão sonhada planta cadastral da cidade, que orientasse a distribuição das terras do patrimônio municipal (rossio) sob a forma de datas e todos os futuros trabalhos de alinhamento de ruas e de construções, o edil cogitava usar essa planta recentemente executada pela iniciativa privada e adaptá-la ao serviço público. Ainda em 1887 a planta da Cantareira era vista na Câmara como um documento muito útil, por trazer uma parte do cadastro da cidade e parte dos arrabaldes. Embora já desatualizado no que se refere ao traçado viário e às construções, em decorrência da rápida expansão urbana experimentada naqueles dias, mantinha-se esse trabalho “digno de toda a confiança”.

    Na planta de 1881 se observa que a maior concentração de edifícios continuava se dando no alto da colina central, onde se achava o Triângulo, formado pelas Ruas da Imperatriz (15 de Novembro), Direita e São Bento. Região então considerada o centro comercial e financeiro da Capital. A tortuosidade e a estreiteza das ruas localizadas nessa área persistiam, e esses defeitos só seriam definitivamente corrigidos no início do século XX, durante a gestão dos primeiros prefeitos paulistanos, Antônio Prado e Raimundo Duprat (1899-1914).

    A antiga Cidade Nova já apresentava na época grande número de construções, em especial, construções residenciais, entre elas, amplas sedes de chácaras isoladas no meio de extensos terrenos. O bairro dos Campos Elísios, arruado em parte da antiga Chácara do Campo Redondo pelo alemão Frederico Glette, em 1878, estava ainda desocupado, tal como o bairro da Bela Vista, criado, no mesmo ano, na antiga Chácara do Bexiga pelo proprietário da época, o português Antônio José Leite Braga, então recentemente falecido.

    Na presente planta podemos observar já plenamente configurado o primeiro anel viário da cidade de São Paulo, sobre o qual falamos ao discorrer sobre a Planta n.6. Criado para circunscrever o Centro e interligar as diferentes estradas que partiam da Capital, era formado pelas seguintes vias e logradouros: Rua Formosa (1855), Rua do Seminário, Rua Alegre, Travessa dos Bondes, Rua do Senador Florêncio de Abreu, Travessa 25 de Março, Rua 25 de Março (1858), Rua do Mercado (1869), Rua do Hospício (1873), Rua Conde d’Eu (1875), Rua Lavapés, Rua da Glória (estas duas últimas vias eram trechos da antiga estrada de Santos), Travessa dos Estudantes, Largo da Liberdade, Rua da Assembléia, Rua Riachuelo (prolongada entre 1867-1868), Largo do Riachuelo e Largo da Memória. A construção desse anel foi tão arrastada que esse fato acabou por atenuar muito o alcance de sua realização. Na época de sua conclusão, as mercadorias produzidas no Interior, ou trazidas do Exterior, já estavam sendo, em sua maior parte, regularmente transportadas pelas ferrovias recém-criadas e muitas das precárias estradas então existentes permaneceriam pouco freqüentadas até o advento do automóvel.

    Como reconhecido na época, o cadastramento dos imóveis que aparece nesta planta era completamente digno de confiança, e isso torna muito instrutivo o seu estudo. Podemos identificar aí, por exemplo, a projeção horizontal de vários importantes palacetes neoclássicos ou de transição estilística para o Ecletismo recentemente edificados: o do segundo Barão de Piracicaba (1875-c.1877), erguido na esquina da Rua Alegre com a travessa desse nome; o palacete de Augusto de Sousa Queirós, projetado por Eusébio Stevaux (1826-1904), situado na esquina da Rua 7 de Abril com o largo desse nome; a primeira casa de José Maria Gavião Peixoto (1858-1860), construída na esquina das Ruas Alegre e Episcopal, e a segunda desse mesmo proprietário, levantada, entre 1876 e 1878, quase na esquina da Rua Florêncio de Abreu com a Episcopal (segunda casa a partir da esquina, quase no fundo da antiga residência).

    A respeito desse cadastramento há algo intrigante: o chalé com janelas de arco apontado existente no terreno depois ocupado pelo Edifício Alexandre Mackenzie (onde hoje funciona o Shopping Light), na época residência de Abílio A. S. Marques, que sabemos haver sido construído a partir de 1879, não aparece, estranhamente, assinalado nesta planta. Talvez o levantamento cadastral tenha começado pela parte nova da cidade em data anterior ao início de sua construção.

    A única intervenção urbanística notável levada a efeito pela administração municipal naqueles anos parece ter sido a transformação do Largo de São Gonçalo num moderno logradouro público, à européia. Executado em 1879, quando renomeado Largo Municipal, o espaço público foi especialmente concebido para emoldurar o recém-reformado Paço da Assembléia Provincial e Câmara Municipal (1877-1879), de autoria do francês Eusébio Stevaux (1826-1904). No largo foram criadas áreas ajardinadas, rodeadas com gradis de ferro, e construído um pitoresco quiosque. Projeto idealizado pelo engenheiro municipal Fernando de Albuquerque, profissional que, segundo consta, se havia diplomado nos EUA.

     
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    edição de texto
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